A safra 2020/21 foi especial para os produtores de arroz no Rio Grande do Sul. Eles tiveram colheita com boa produtividade, preço bom e custos dentro do esperado. Invertendo o ditado, depois da bonança veio a tempestade. As perspectivas para o ciclo 2021/22 não são muito positivas. A área, de acordo com o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), deve se manter estável, com pequena variação para baixo, de -1,2%. Em 2020 foram plantados 969.192 hectares, recuando agora para 957.449 hectares. A produtividade ainda está coberta de incertezas, pois depende de uma série de fatores.
O engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, responsável pelo Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Candelária, explica as condicionantes para um bom desempenho na lavoura. “A semeadura está dentro da época, o que é positivo. O que não temos como prever é a questão da luminosidade (incidência do sol), que na última safra foi bem positiva, e o quanto os produtores vão investir na aquisição de fertilizantes, pois houve aumento considerável do valor dos insumos”, aponta.
A questão climática, por enquanto, não tem sido muito favorável. As temperaturas, consideradas baixas para o período (os melhores resultados são obtidos entre 25 e 35 graus), podem estar tornando mais lento o desenvolvimento da planta. Uma boa incidência de sol, especialmente no período entre novembro e janeiro, pode representar recuperação até a colheita, em março. “O ideal é que se garanta até 80% da área plantada até o final de outubro”, ressalta, ao referir-se ao sistema de produção pré-germinado. Na propriedade de Flávio Closs, na Estrada de Linha Ferraz, já foram semeados 70 hectares, restando 100 para serem preenchidos.
Publicidade
Outro ponto levantado parece ser o de maior preocupação para o setor da orizicultura: o alto custo de produção. A média de preços ao produtor da última safra foi de até R$ 90,00 por saca de arroz. Nesse período, relembra Andrade, os fertilizantes custavam em torno de R$ 85,00. “Agora, o preço pago é R$ 70,00 por saca ao produtor, enquanto os insumos aumentaram para até R$ 200,00. O agricultor fica descapitalizado. Quem colocou 14 sacas de adubo e ureia na safra passada, vai colocar umas dez agora. Isso interfere na produtividade. Atualmente, se cogita que fique em cerca de 7,5 mil quilos por hectare, ante os 9 mil da safra passada”, frisa.
LEIA TAMBÉM: Anuário Brasileiro do Arroz 2021 será distribuído nos próximos dias
Dois núcleos do Irga na região
A região é dividida na atuação de dois Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga). No de Candelária, conta o engenheiro agrônomo José Fernando Rocha Rech de Andrade, são cerca de 400 produtores, com área de 15.120 hectares plantados no ciclo 2020/21 e 15.100 na temporada 2021/2022. A produtividade deve manter os mesmos índices apurados no Estado, com possibilidade de variação de acordo com as condicionantes: clima e aplicação de fertilizantes.
Publicidade
No Nate de Rio Pardo, o engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch aponta a diminuição de 13.300 para 13.100 hectares plantados. A redução é percebida em Rio Pardo, baixando de 8.500 para 8.100. “Pantano Grande e Passo do Sobrado tiveram elevação de 4.200 para 4.350 e de 600 para 650, respectivamente”, conta. A explicação para a variação negativa em Rio Pardo se dá, afirma Tatsch, pela alternância de produtores. “Houve mudança, e alguns optaram por plantar soja, que teve incremento na área do nosso Nate (aumentou de 4.650 para 6.420 hectares).”
A safra atual é considerada “perigosa” pelos técnicos. Analisando friamente os números, já se percebe a redução da rentabilidade. Se for considerado o fato de que a cultura depende de condições climáticas, o que é inconstante, isso pode representar um prejuízo significativo, com consequências ainda maiores na safra posterior.
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade