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ECONOMIA

Após tombo, restaurantes e hotéis voltam a contratar em Santa Cruz

Foto: Rafaelly Machado

Ferreira: situação começou a melhorar em junho, o que repercutiu nas contratações

Após um período de severas dificuldades por conta das restrições impostas pela pandemia, os setores de alimentação e alojamento começam a dar sinais mais firmes de recuperação. Dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que estabelecimentos como restaurantes, bares e hotéis voltaram a contratar e, no acumulado do ano, já registram saldo positivo na geração de postos de trabalho em Santa Cruz.

Em 2020, os dois segmentos demitiram mais do que contrataram no município – o saldo foi de -185 nas empresas de alimentação e -29 no setor de alojamento. Os números indicam que, após um início de 2021 com tendência de crescimento – em janeiro e fevereiro o volume de contratações foi maior –, a disparada nos índices de contaminação, internações e mortes entre março e abril, que forçou a adoção de protocolos mais restritivos, levou a um novo tropeço.

A partir do fim do primeiro semestre, porém, a tendência se inverteu, em consonância com o avanço da vacinação no País. Apesar da estabilização em agosto, nos primeiros oito meses do ano o setor de alimentação teve resultado positivo de 57 vagas, enquanto no setor de alojamento o saldo é de dez vagas, apesar de uma estabilização em agosto.

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No caso do segmento de alimentação, a retomada vem sendo puxada por restaurantes e bares, além de estabelecimentos de delivery. Com o retorno do trabalho presencial, fornecedores de alimentação para empresas também voltaram a abrir vagas. Na contramão, com os grandes eventos ainda em ritmo lento, o setor de bufês continua estagnado.

A melhora no cenário é confirmada pelo empresário Paulo César Ferreira, sócio de quatro restaurantes em Santa Cruz – um quinto estabelecimento foi fechado no início da pandemia. Conforme ele, o quadro de funcionários reduziu “drasticamente” diante da queda abrupta no movimento. Entre março e junho do ano passado, o faturamento das empresas caiu próximo a 85% e, mesmo com o arrefecimento da crise no segundo semestre, em nenhum momento chegou a bater 50% do nível normal. A situação só não foi pior em razão das medidas de socorro do governo federal, como o programa de redução de jornadas e salários de trabalhadores. “E tivemos alguns funcionários que pediram desligamento em função da incerteza no nosso ramo. Mesmo com direito a estabilidade por um tempo, ele se sentiram inseguros e foram trabalhar em outra área”, acrescenta.

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Após o novo baque no início deste ano, a inversão da curva se deu a partir de junho. Além da imunização, o retorno das aulas presenciais foi determinante para o aumento do público. “Os colaboradores até comemoraram quando viram uma pessoa vestindo uniforme na fila, porque isso não acontecia há um ano e meio.” Hoje, de acordo com Ferreira, o número de funcionários ainda não atingiu os patamares anteriores à pandemia, mas está próximo.

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Caminho ainda é longo, alerta economista

Mesmo com a luz no fim do túnel da pandemia, as preocupações dos empresários se voltam para a situação periclitante da economia, que deve tornar a recuperação mais lenta. De acordo com a economista da Fecomércio-RS, Giovana Menegotto, o retorno da empregabilidade nos setores de alimentação e alojamento está diretamente ligado ao controle da pandemia, que permitiu mais flexibilizações e, consequentemente, mais demanda sobre esses serviços, que dependem de contato presencial.

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Segundo ela, no entanto, fatores como a escalada da inflação e a consequente elevação dos juros devem limitar o espaço para o crescimento das empresas, sobretudo em 2022. Mais recentemente, somou-se a preocupação com o cenário fiscal do País, diante dos indicativos do governo federal de que pode furar o teto de gastos para bancar investimentos sociais.

“Não dá para dizer que olhamos para um ano tranquilo. Será um ano desafiador”, analisa. Embora a tendência é de que as empresas retomem aos poucos as contratações, ainda não há perspectivas de investimentos maiores. “O momento é de ir adequando e retomando, mas ainda não há uma confiança.”

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Giovana lembra ainda que os dois segmentos acumularam perdas muito expressivas durante o ano passado. Em todo o Rio Grande do Sul, 3,7 mil empregos foram destruídos no setor de alimentação e 4 mil no setor de alojamento. Entre janeiro e agosto, 2,5 mil vagas foram recuperadas no primeiro e 507 no segundo, o que significa que ainda há muito para ser retomado. “É um caminho longo”, acrescenta a economista.

Nos restaurantes, uma das maiores preocupações é com o preço da carne bovina, que acumulou alta de 34% no Brasil entre agosto de 2020 e agosto deste ano. De acordo com Paulo César Ferreira, alguns cortes nobres, que em janeiro do ano passado eram adquiridos por menos de R$ 25,00 o quilo, atualmente custam quase R$ 50,00. “Nas últimas semanas, o preço do quilo sobe R$ 1,00 dia sim, dia não”, conta. O quadro obriga os empresários a repassarem os custos aos consumidores para não reduzir o padrão.

Volta das viagens executivas aumenta o movimento

No setor de hotéis, a recuperação, ainda lenta, começou a ser sentida por volta de agosto, de acordo com a gerente do Aquarius, Paula Kling. Com a redução brusca na ocupação desde o início da pandemia, o efetivo foi reduzido em nada menos do que 60% no local. Hoje, porém, com sinais de alta na procura, o cenário começou a se alterar. “Já visualizamos a necessidade de contratar, embora ainda não seja possível”, observa Paula.

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Como o turismo de negócios responde pela maior parte da demanda da rede hoteleira local, o aumento na ocupação indica principalmente a retomada das viagens corporativas. Outro fator que contribui é a volta dos eventos. “Na Oktoberfest, tivemos uma boa movimentação, principalmente aos sábados, quando chegamos a 60% de ocupação. A procura foi bem diferente de anos anteriores, mas ainda assim superou as nossas expectativas”, conta.

Embora acredite que a tendência de recuperação se mantenha daqui para frente, Paula projeta que isso só deve se consolidar a partir de março, em função do tradicional desaquecimento entre janeiro e fevereiro.

Paula já visualiza novas contratações | Foto: Rafaelly Machado

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