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JÚRI POPULAR

Mandante de assassinato no Parque de Eventos pega 16 anos de prisão

Foto: Banco de Imagens/Gazeta do Sul

Agentes da Polícia Civil prenderam Bruna no dia 8 de dezembro do ano passado

Um dos assassinatos mais brutais ocorridos em Santa Cruz do Sul em 2020 ganhou um desfecho nos tribunais. Acusada de ser a mandante do homicídio de Paulo Eduardo Bolico Schneider, de 19 anos, na madrugada de 25 de outubro de 2020, Bruna Daiane Esteves, de 30 anos, foi condenada em júri popular, composto por três homens e quatro mulheres, realizado na última quarta-feira, 6, no Fórum do município.

A ré pegou 16 anos de prisão. Os sete jurados entenderam que a mulher cometeu um homicídio duplamente qualificado, tendo participado como mandante. As duas qualificadoras – dispositivos que ampliam a pena – foram elencadas pelo uso do meio cruel (tortura) e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, pois Paulo foi amarrado e amordaçado.

Por outro lado, Bruna foi absolvida da acusação de ter cometido crime de corrupção de menor, apresentada porque um adolescente seria um dos autores da execução. A ré falou em plenário e negou participação no crime. Além dela, também prestou depoimento o delegado Alessander Zucuni Garcia, responsável pela investigação que identificou Daiane como integrante do bando responsável pelo assassinato de Paulo Eduardo Bolico Schneider.

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Após o júri, o delegado comentou o desfecho do caso. “Foi um trabalho bem consistente que a equipe da delegacia fez para angariar vários elementos de forma técnica para o inquérito, que levaram a essa condenação. Um dos pontos exitosos foi que conseguimos avançar para identificar não só os executores diretos, mas quem tinha o poder de mando, que coordenou essa morte”, salientou Garcia, que é titular da 2ª Delegacia de Polícia.

O resultado do júri saiu às 19h15 de quarta-feira, com o pronunciamento da juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, que presidiu a sessão. “A culpabilidade mostra-se em grau elevado, pois a ré, ajustada com outros indivíduos, planejou a morte do ofendido, fornecendo sua própria residência para que a vítima fosse até lá levada, local em que foi amordaçada e amarrada. Desse modo, a acusada demonstrou agir com frieza. Além disso, o crime foi cometido por meio cruel, uma vez que, de acordo com os laudos periciais, a vítima teve um dos dedos decepados”, disse a magistrada.

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O advogado Mateus Porto, que fez a defesa de Bruna Esteves durante o processo, afirmou à reportagem que já entrou com recurso. “Com todo o respeito ao júri, não concordamos com a decisão, pois nas provas apresentadas não fica clara a participação da minha cliente como mandante ou participante desse fato”, comentou Porto.

Segundo o advogado, Bruna afirmou que se sente injustiçada com o julgamento, pois, segundo ela, sequer conhecia a vítima. Até o julgamento, ela cumpria prisão preventiva há dez meses no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul.

Investigação

Apenas quatro dias após o homicídio, em 29 de outubro de 2020, a 2ª DP prendeu o primeiro suspeito de cometer o crime. Ele é Bruno Fleck, de 18 anos, natural do Rio de Janeiro e morador da residência onde Bolico foi mantido em cárcere. Os investigadores encontraram na casa um facão dentro de uma churrasqueira, visivelmente exposto ao fogo. Teria sido uma das armas usadas no assassinato. Na ocasião, além da lâmina, uma quantidade de drogas foi localizada. A polícia também apreendeu o carro usado no crime. Como houve uma cisão no processo, a partir de um recurso interposto pela defesa de Fleck contra seu encaminhamento a júri popular, o julgamento do rapaz ainda não foi marcado.

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Facão queimado foi localizado em ponto de tráfico

Já em 2 de dezembro de 2020, um adolescente de 17 anos foi apreendido pela 2ª DP, no Bairro Jardim Boa Vista, em Rio Pardo. Ele tem relações de parentesco com a namorada de Bruno Fleck. O rapaz foi encaminhado à Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) de Porto Alegre e será julgado em um processo à parte, pelo Juizado da Infância e Juventude. Seis dias depois, em 8 de dezembro, foi a vez de Bruna Daiane Esteves ser presa na Rua Guarda de Deus, Bairro Santuário, para onde ela havia se mudado logo após o crime.

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No local, a polícia também encontrou 11 gramas de cocaína. Embora tenha coletado indícios da participação de mais duas pessoas, que teriam auxiliado a levar Bolico até a casa onde o crime ocorreu, os agentes da 2ª DP não conseguiram comprovar tais participações, e os suspeitos não foram indiciados.

Jovem de 17 anos foi apreendido em 2 de dezembro, em uma casa de Rio Pardo

Relembre o caso

Paulo Eduardo Bolico Schneider foi torturado até a morte na madrugada de 25 de outubro de 2020, em Santa Cruz do Sul. O corpo foi encontrado nas proximidades do Parque de Eventos, no Distrito Industrial, pela Brigada Militar.

A vítima foi assassinada com mais de dez golpes de faca. Com visíveis sinais de tortura, teve um dedo da mão decepado, estava com mordaça e mãos e pés amarrados. Devido ao estado do cadáver, a identidade só foi confirmada na manhã do dia seguinte, quando um familiar fez o reconhecimento no Departamento Médico Legal (DML).

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Paulo Schneider era natural de Salto do Jacuí. Seu último endereço, antes de virar morador de rua, era no Residencial Viver Bem. Ele tinha passagens na polícia por delitos como vias de fato, ameaça e lesão corporal. Usuário de drogas, cometia furtos para sustentar o vício.

Foto de Schneider em 2019, ano em que ele teve passagens pela polícia por lesão corporal e ameaça

Comentários divulgados na época davam conta de que um desses crimes teria sido cometido contra um motoboy, que teria levado um lanche até a casa de Bruna Daiane Esteves, no Bairro Faxinal Menino Deus.

Essa hipótese não foi confirmada no decorrer da investigação. No entanto, para o delegado Alessander Zucuni Garcia, ficou claro que a vítima tinha cometido um delito nas imediações do bairro, que tem como um dos líderes do tráfico um homem conhecido no submundo do crime pelo apelido de “Nego Drama”, e que está preso. Esse homem é marido de Bruna. O homicídio, conforme a investigação, teria ocorrido em represália ao delito cometido pela vítima nas proximidades de um ponto de tráfico de drogas, onde os envolvidos do processo atuavam.

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“Em casos como esse, são normalmente duas hipóteses que eventualmente acontecem. Com uma pessoa praticando furtos no bairro, ela acaba atraindo a polícia para o local, o que não é aceito pelos criminosos. Além disso, os líderes da traficância pensam que são a lei e a justiça nos bairros, se achando no direito de julgar a pessoa, se entenderem que ela está praticando uma conduta de furtar ou roubar moradores”, explicou o delegado Alessander Garcia.

Na época do crime, o delegado revelou que o jovem chegou a ser mantido em cárcere privado antes de ser levado às imediações do Parque de Eventos para ser assassinado. Entre os elementos apurados pelos investigadores, estavam até mesmo fotos do jovem amordaçado na residência, no Faxinal Menino Deus, repassadas entre os autores para outras pessoas, que foram obtidas com a quebra dos sigilos telefônicos nos aparelhos apreendidos.

Cadáver de Paulo Schneider foi localizado junto ao Parque de Eventos

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