A instalação da sede administrativa da Sicredi Vale do Rio Pardo, no entroncamento da RSC-287 com a Avenida Independência, alimentou a expectativa de que mais entidades e empresas busquem aquela região como endereço e também reativou uma dúvida dos santa-cruzenses: o que será feito da área da antiga Clínica Vida Nova?
Em 2018 foi anunciado que o Centro de Ensino Superior Dom Alberto assumiria o local, com o propósito de instalação de campus e residencial, em um investimento de R$ 68 milhões. O projeto arquitetônico chegou a ser feito pelo escritório Téia + Iara Arquitetura.
Iara Dini Cougo, preservando a confidencialidade com seu cliente, diz não tratar sobre o que está projetado, mas admite ter sido um desafio importante como profissional. “É uma oportunidade para um profissional pegar essa preciosidade nas mãos. Tem muito mais do que a importância como patrimônio. Ali tem memória, história, cultura, é um museu a céu aberto. É um presente, mas um compromisso também”, destaca.
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Colega de profissão e integrante da comissão de arquitetura da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Santa Cruz do Sul (Seasc), Bruna Spenner reforça a importância do espaço. Entende que não se trata de uma estrutura tombada, mas poderia ser incluída no rol de prédios históricos da cidade. “Há diferentes tipos de tombamento, inclusive, em Santa Cruz do Sul são três opções: A, que é total; B, parcial; e C, que se refere ao interesse histórico”, explica.
Por tudo o que a Clínica Vida Nova representou em outras épocas, e pelas suas características arquitetônicas, Bruna entende que há como enquadrá-la em algum tipo de mecanismo de preservação. “Arquitetonicamente é emblemático. Em 2019 foi feito um pedal cultural, com cerca de 50 ciclistas, e o pessoal parou lá para ouvir explicações sobre a história do local”, lembra.
Bruna considera que, além da questão histórica, a adesão ao catálogo de preservação da cidade pode representar benefício econômico para o proprietário. “Dependendo do grau de preservação, é possível conseguir até desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU”, cita.
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Mesmo não estando entre os prédios tombados de Santa Cruz, a estrutura física da Clínica Vida Nova foi incluída em um levantamento histórico produzido na década de 1980, via convênio de cooperação técnica Brasil/Alemanha entre a Deutsche Gesellschaft fur Technische Zusammenarbeit (GTZ) e a Prefeitura de Santa Cruz do Sul. No material, que teve a consultoria do arquiteto Udo Baumann, o titular, na época, da 10ª Diretoria Regional da Sphan/Pró-Memória, arquiteto Luiz Antônio Volcato Custódio, escreveu: “O presente trabalho representa uma contribuição objetiva à comunidade de Santa Cruz do Sul e aos seus representantes, no sentido de justificar a necessidade iminente de uma preservação efetiva do rico e importante patrimônio ambiental dessa cidade.” O então prefeito Armando Wink acrescentou: “A memória de um povo precisa ser mantida viva, no presente, para que possa ser transferida ao futuro, como herança e substrato.”
Com a saída da família proprietária, o espaço ficou ocioso e, posteriormente, à espera do início das obras da Dom Alberto. Houve momentos em que foi necessária intervenção para retirar invasores. Esse tipo de problema vem diminuindo, segundo o industriário Aido Nelson Mello, que trabalha perto da área da clínica. “Estavam destruindo tudo, mas agora a empresa de segurança está reforçando a atenção e evitando esse tipo de problema. Outro dia saiu um caminhão dali, retirando muito entulho.”
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História
A Clínica Vida Nova, também conhecida por Sanatório Kaempf, foi criada em 15 de novembro de 1889 pelo médico alemão Carl Hermann Eduard Kämpf, mais tarde “aportuguesado” para Eduardo Kaempf. Suas técnicas alternativas de tratamento, com base no conceito naturalista, acabaram atraindo muitas pessoas para a via de acesso a Rio Pardinho, onde foi-se ampliando a estrutura física. Hoje são 2,2 mil metros quadrados de área construída, em um espaço de 24 hectares.
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Em 2018, o Centro de Ensino Superior Dom Alberto anunciou que assumiria a área, transformando-a em um campus e residencial, com investimento de R$ 68 milhões. A ideia inicial era restaurar a estrutura e acrescentar novas em áreas abertas. A direção local da instituição de ensino foi contatada, por telefone e e-mail, pela Gazeta do Sul, mas não deu retorno.
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