O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado neste 21 de setembro no Brasil, foi instituído com o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Uma das formas de garantir isso – e até mesmo de aumentar a autoestima desses cidadãos – é o esporte. Em Santa Cruz do Sul, a Associação Santa-cruzense de Pessoas Com Deficiência Física (Aspede) investe no basquete para que a inclusão ocorra, com o time Unico (Esporte Clube União Corinthians)–Aspede.
Segundo o presidente da Aspede, Alison Geller, de 34 anos, o esporte é também um “meio de voltar a viver”. “90% do pessoal que está aqui virou deficiente físico em razão de algum acidente, ou seja, foi uma deficiência adquirida. E para nós que adquirimos a deficiência, é bem complicado. A primeira reação é se sentir inútil, perder o sentido da vida. O esporte e a vontade de competir são muito importantes para viver novamente”, conta.
Alison é cadeirante há 14 anos, época em que sofreu um acidente de motocicleta. “Quando eu ia fazer 20 anos, tive o acidente. Eu sou tetraplégico, quebrei pescoço, ombro, perna. Nas pernas tenho muito pouco movimento, minha mão direita é normal, mas na esquerda eu não tenho força. Para andar com a cadeira eu uso a palma da mão.” Cerca de um ano depois do acidente, o atual presidente da Aspede ainda enfrentou a leucemia.
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Foi o esporte que aproximou Alison da luta por direitos iguais para todos e foi a deficiência que o reaproximou do esporte. “Quando era piá, eu jogava, mas com 14 anos optei por começar a trabalhar e larguei. Voltei a encontrar o esporte depois do acidente”, relembra. “Conheci um dia na fisioterapia da Unisc. Fui numa quarta-feira e comecei a gostar. Tive contato com a Aspede, passei a interagir mais com o pessoal e participar. Tive leucemia, fiquei afastado e depois voltei a praticar.”
Impacto negativo
O Unico–Aspede treina três vezes por semana e conta com 15 jogadores, além de equipe técnica, composta também por treinador e fisioterapeuta. O time já coleciona alguns momentos importantes. “Fomos campeões gaúchos de 2019. Em 2020, íamos participar da divisão de acesso do Brasileiro, mas aí veio a pandemia e parou tudo. Agora está voltando, pouco a pouco”, diz Alison. “Recentemente tivemos um jogo amistoso contra o time de Caxias, ganhamos por 52 a 34. Agora, no dia 25 de setembro, ocorrerá o primeiro campeonato, em Bom Retiro do Sul”.
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O atleta conta também que a parada nas atividades por força da pandemia foi negativa para corpo e mente; por isso, a retomada dos treinos e competições é tão significativa. “Foi um ano e nove meses sem nada. Foi ruim, entediante. Para nós, principalmente quem usa cadeira de rodas, faz muita falta. Para mim faz muita diferença parar com o esporte. Tem a questão do preparo físico, o desenvolvimento em cima da cadeira, mas a parte psicológica também afeta muito”.
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