Toquinho compôs: “Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo…”. Transformou o jogo de cores da aquarela em um grande sucesso da Música Popular Brasileira. E se visse as ruas de Santa Cruz do Sul, por certo o colorido do cantor ganharia novos tons. Por onde se passa é possível deparar-se com ipês e azaleias, além de frutíferas, como pereiras e laranjeiras, florescendo e embelezando as vias.
Setembro é o mês de início da primavera, que começa na próxima quarta-feira, 22, o que justificaria a floração, mas as plantas acabaram antecipando esse processo. O motivo, explica o professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Köhler, é a reação aos estímulos do ambiente. “Pela temperatura e umidade que temos atualmente, as plantas entendem como já sendo primavera e iniciam a floração”, relata.
Essa chegada prematura, mesmo que em pouco tempo, pode resultar, conta o professor, em um segundo momento de flores. “Se tivermos um novo frio e depois a chegada de dias mais quentes e úmidos, pode ocorrer a segunda floração, antes de gerar as sementes e frutos”, acrescenta. Esse período em que as árvores estão com poucas folhas, ou até nenhuma, como o pessegueiro, é chamado de dormência, que se encerra com a elevação dos termômetros. Em alguns casos seriam necessários mais dois meses para chegar ao momento de florescer, mas acabaram ganhando cor e forma agora.
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Quando a finalidade é a comercialização, a poda deve ser feita ainda no início da brotação e da floração. O extensionista da Emater/RS-Ascar de Santa Cruz do Sul, Marcelo Cassol, destaca que essa é uma forma de evitar o desperdício da energia da planta. “As temperaturas têm se mantido dentro da média, dando amplitude entre 15 e 25 graus, entre a noite, que costuma ser mais fria, e a tarde”, descreve.
Dignas de foto
Enquanto os técnicos observam os períodos, formas e desenvolvimento das plantas, as pessoas admiram a beleza e a diversidade, que fazem as cidades ficarem mais coloridas. É o que ocorre na casa de Celsi Kern Hermes, à margem da RSC-287. Ela tem um ipê-roxo florido, com cerca de 30 anos, que atrai a atenção de quem passa pela rodovia. “Todo o ano vem gente aqui para fazer fotos, de tão linda”, orgulha-se.
Na morada de Amaro Mahle, na Rua Orlando Oscar Baumhardt, próximo ao trevo de acesso ao município, o ipê tem a companhia de uma azaleia. Com mais de 45 anos, ambos floresceram juntos, misturando o amarelo, o rosa e o verde e chamando a atenção de quem passa pelo local. “É uma pena que deu esse vento nos últimos dias, o que fez com que muitas flores caíssem”, lamenta Amaro.
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