Em agosto do ano passado, o Rio Grande do Sul recebeu do Ministério da Agricultura (Mapa) o reconhecimento que tornava o Estado uma área livre de febre aftosa sem vacinação. Com a doença controlada há muitos anos em solo gaúcho por meio das vacinas, o fim da necessidade de imunizar o rebanho bovino trouxe avanços para produtores e exportadores de carne e derivados, não só de gado, mas também de suínos e aves.
No entendimento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o reconhecimento dado ao Estado representou uma possibilidade a mais para o produtor local competir com outros mercados, tanto na exportação quanto na venda para outros Estados. “O Rio Grande do Sul já era livre da febre aftosa com vacinação. O diferencial é que houve uma elevação do nosso status sanitário, passamos para outro degrau, junto com Paraná, Acre, Rondônia e Santa Catarina, que há alguns anos já eram livres da doença sem a imunização”, avalia o assessor da presidência da Farsul, Rodrigo Rizzo.
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Ele destaca que o reconhecimento dado pela Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) em maio, que ratificou a do Mapa, permitiu ao Rio Grande do Sul aumentar a venda do animal vivo, tanto para exportação quanto para o mercado interno. “Nós da Farsul trabalhamos pelos livres mercados. Defendemos a exportação de animais vivos pelo Porto de Rio Grande ou de caminhões para outros Estados. Se tem alguém pagando mais, por que o produtor não venderia?”.
Rizzo explica também que a menor oferta de carne para os frigoríficos locais, em virtude do aumento da exportação, elevou o preço pago pelo consumidor final. O aumento no volume de exportação faz com que os comerciantes recorram a cortes produzidos em outros Estados. O avanço da plantação de soja no Rio Grande do Sul também contribuiu para a diminuição do número de cabeças de gado em solo gaúcho.
Impacto positivo também no mercado de aves e suínos
O reconhecimento do Estado como zona livre de aftosa sem vacinação ajudou também o mercado de suínos e aves. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul e diretor da Farsul, Marco Antonio dos Santos, o mercado da carne de porco se beneficiou mais do que o da carne de gado, pois a venda de cortes bovinos do Estado já atingia o limite de produção. “Não temos gado para cobrir todos os mercados”, alerta. Somente em Santa Cruz do Sul, a estimativa no ano passado era de que cerca de 36 mil cabeças de gado não necessitariam mais da vacinação.
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Conforme Luiz Henrique Lau, presidente do Sindicato Rural de Rio Pardo, município que conta com 85 mil cabeças de gado, o status sanitário permitiu que produtores de suínos e de proteína animal em geral, incluindo a carne de frango, também fossem beneficiados. “Na parte suína aumentou muito mais o mercado. Até no mercado interno, porque em Santa Catarina, por exemplo, que já era livre da aftosa e já não vacinava há anos, nós não tínhamos acesso. Até para passar na estrada com suínos e bovinos: não podia passar carne com osso e os outros Estados não compravam.”
Segundo dados de 2020 da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, o Rio Grande do Sul tem um rebanho de 9,6 milhões de cabeças de gado, com um valor bruto de produção estimado em R$ 4,9 bilhões. Na carne suína, o Estado é o segundo maior exportador do Brasil. Em 2020, foram 9,5 milhões de animais abatidos no Estado, o que gerou mais de US$ 411 milhões.
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