No dia 30 de julho, a digital influencer santa-cruzense, Maíra Assmann perdeu a conta do Instagram com mais de 40 mil seguidores. O trabalho de quase dez anos na produção de conteúdo sobre moda, beleza e viagens foi apagado em poucos segundos por meio, segunda ela, de um ataque de phishing, em que se pescam informações de alguma maneira. No caso dela, foi por meio de um link em uma mensagem enganosa.
Ela conta que passava férias na praia, com a família, e que a situação ocorreu pouco antes de retornar para Santa Cruz do Sul. “Recebi uma mensagem no WhatsApp, que seria do Instagram, falando sobre o uso de uma música, que tinha direitos autorais, e que se eu não reivindicasse a conta seria tirada do ar em 24 horas.” Maíra relata que, como anteriormente já havia recebido mensagem semelhante, clicou no link. “No calor da hora, com aquele medo de perder a conta, cliquei, mas no que eu cliquei já percebi que havia errado.”
Em poucos segundos, a página ficou em branco. “Tentei fechar tudo, excluir tudo, reiniciei o celular, mas em seguida já apontou como usuário não encontrado. Pedi ajuda a pessoas da área, tentei mudar a senha e acabava recebendo e-mails em turco.”
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Para muitos, utilizar as redes sociais é uma forma de passatempo, distração, mas para Maíra o Instagram é a ferramenta que ela utiliza para ganhar dinheiro. “Toda a minha renda vem disso. Tenho parcerias com lojas de roupas, escolas de inglês, empresas de Alvorada, Gramado. Foram anos de produção de conteúdo jogados fora.”
O que também tem preocupado Maíra é com relação ao conteúdo disponibilizado na conta. Ela foi derrubada, mas seguidamente é ativada e são feitas lives que acontecem na Turquia, com imagens de armas, por exemplo. Depois que a live encerra, a página é derrubada novamente. “É um assunto que não tem nada a ver com o que eu compartilhava.”
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Ela acredita que o perfil ficou mais visado pois, um dia antes ela postou um #tbt em que estava na neve, na Finlândia. “Acredito que isso tenha chamado a atenção. Eles devem ficar de olho em perfis inusitados e o fato de ter marcado a Finlândia projetou o post para fora do país.”
Desfecho
Maíra contratou uma empresa de Minas Gerais para tentar recuperar a conta. Enquanto não consegue, ela criou um novo perfil para seguir com o trabalho (@mai_assmann_). “Hoje mudei meu conceito para certas coisas. Me projetava para ter mais seguidores, hoje vejo que pode ser uma porta para coisas ruins. Tem o lado A e o lado B. O menos é mais. O importante é ter pessoas locais que vão consumir o teu conteúdo, do que várias de fora, que não agregam nada.”
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Na tarde desta quinta-feira, 19, a influencer informou o Portal Gaz de que conseguiu recuperar a antiga conta. “Foram três semanas de luta”, desabafou. Segundo Maíra, é uma alegria muito grande recuperar o perfil, principalmente porque já estava perdendo as esperanças. “Agora trocamos senha e arrumamos tudo”, relatou. A santa-cruzense encara a conta no Instragram como uma empresa, a qual foi construída ao longo de dez anos. “Eu estava começando do zero, mas é muito desafiador. Recuperar todos esse material que estava praticamente perdido me dá ânimo de novo”, disse.
Especialista dá dicas de segurança
O professor e coordenador dos cursos de Comunicação Social e Fotografia da Unisc e pesquisador na área de plataformas digitais, Willian Araújo, explica que os golpistas se especializam em capturar informações dos usuários. “As redes sociais são baseadas em informação. Não está resguardado o controle necessário para uma efetiva segurança à quem utiliza. Usando algum tipo de ferramentas de códigos, de scripts, os falsários conseguem obter informações. Se especializam nisso e tentam ter algum benefício financeiro dentro do contexto das mídias digitais. Os falsários usam informações disponíveis em algum momento ou roubadas em algum link malicioso ou acesso indevido. São as principais formas de obtenção da informação de maneira indevida.”
Ele recomenda que os usuários criem senhas adequadas e complexas, com caracteres diferentes, para que seja difícil invadir o perfil. Também é importante validar a verificação em duas etapas, aquela em que a pessoa recebe um SMS no celular, confirmando o login. “Isso aumenta a segurança, até para avisar que está sendo invadido e conseguir o bloqueio do acesso. Também é importante limitar o número de dispositivos com o login próprio disponível para que outra pessoa não faça o uso inadequado, como clicar em um link malicioso, por exemplo.”
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No caso de Maíra, que recebeu uma mensagem no WhatsApp muito semelhante ao do Instagram, o professor orienta a sempre observar o endereço para o qual o link leva. “Geralmente esses e-mails falsos buscam imitar os e-mails oficiais das redes usando as mesmas imagens, apenas mudando o endereço do hiperlink. Por isso, por segurança, é sempre importante verificar se realmente esse link leva para a rede em questão ou para uma página confiável.” Conforme o professor, para verificar isso, basta colocar o mouse sobre a imagem e observar o endereço que aparece na parte inferior da tela. “Se o acesso for via celular, é possível fazer isso ao ficar pressionando, por alguns segundos, a imagem do botão que se quer clicar.”
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