Você já imaginou noivos sendo conduzidos para o casamento em uma carruagem? Ou carroças descarregando mercadorias nas lojas e o namoro sendo atrapalhado por uma árvore? Pois muitas histórias de famílias nos trazem informações e curiosidades sobre o passado de Santa Cruz.
Raul, Roberto e Condia Mendes contam que o avô João Mendes criou uma das primeiras transportadoras da cidade. De carroça, buscava produtos em Rio Pardo para abastecer nosso comércio e indústria. Ainda possuía uma carruagem para conduzir noivos e charretes que serviam como táxi. De origem lusa, era casado com Emília Gisler, filha de imigrantes alemães. João transmitiu ao filho Aldino (pai dos três irmãos) as técnicas para conduzir uma carroça. Emília o ensinou a ler, escrever e falar em alemão.
Quando a antiga Drogaria Santa Cruz precisou de um jovem para percorrer o interior de carroça, para abastecer armazéns com medicamentos, o escolhido foi Aldino, que dominava o alemão e “carroceava” bem. Com físico avantajado, também passou a jogar basquete na Ginástica, onde ganhou o apelido de Mendão.
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Logo, surgiu convite para trabalhar na antiga gráfica Minerva. Da sua sala, enxergava a residência do empresário Carlos Hoezel, um dos donos da Mercur. De janela para janela, iniciaram as trocas de olhares entre Mendão e Gerdy, filha de Carlos. Incomodado com a paquera, Hoezel plantou uma árvore no pátio, para encobrir a visão dos jovens. De nada adiantou. Em pouco tempo, estavam casados.
Aproveitando a experiência adquirida na drogaria, Aldino voltou a viajar. Agora não de carroça, mas com uma flamante caminhonete, com a qual percorria o Estado vendendo mercadorias da Mercur e outras. Simpatizante do Partido Libertador, costumava andar com um lenço vermelho (maragato) no pescoço.
Extrovertido e brincalhão, foi um dos organizadores da tradicional Festa dos Viajantes de Santa Cruz. Em 1965, ingressou nos quadros da Mercur, onde trabalhou até se aposentar. Mendão faleceu em julho de 2005, com 87 anos. Gerdy foi antes, em 1972. Além das fotos e histórias dos pais e avós, os Mendes guardam cartas antigas, dos bisavós Kohlmann e Gisler. Muitas foram postadas na Alemanha e são da época em que teve início a colonização alemã no Estado.
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