A crença em uma graça alcançada sob a bênção de Nossa Senhora Aparecida levou um casal de moradores de Santa Cruz do Sul a percorrer cerca de 30 quilômetros a pé até Rio Pardo. A babá Valquíria Froes de Araújo e o trabalhador do ramo das comunicações Ricardo José dos Santos, ambos de 39 anos, deixaram sua casa no Bairro Arroio Grande ainda antes do sol nascer, nesse sábado, em direção à BR-471, para pagar uma promessa. No mês passado, um casal de amigos de Valquíria e Ricardo acabou infectado pelo coronavírus e ambos tiveram de ser hospitalizados em um hospital no município de Caçapava do Sul, onde residem, por três semanas.

Devota de Nossa Senhora Aparecida desde a infância, Valquíria prometeu à santa que, caso os amigos se curassem do vírus, ela percorreria a pé o trajeto entre Santa Cruz e a cidade vizinha, onde mora sua mãe. Na verdade, a promessa de fazer o percurso até Rio Pardo já vinha de mais tempo, e o que nasceu quase como brincadeira ganhou um significado de fé e esperança após o momento delicado pelo qual passaram os amigos de Caçapava do Sul, conforme explicou Ricardo à Gazeta do Sul já durante o percurso à beira da estrada, sob um frio de 5 graus na manhã de sábado, ainda na escuridão da madrugada.

“Nós estamos renovando uma promessa. Há três anos, minha esposa Valquíria fez uma promessa numa rifa que ela comprou. Ela disse que, se ganhássemos o prêmio, iríamos a pé até Rio Pardo. Eu achei uma loucura, mas disse: ‘vamos juntos, somos parceiros’. E a gente foi sorteado no segundo prêmio, ganhamos R$ 500,00. A gente foi deixando, sabendo que teríamos que pagar. Aí esse casal de amigos nossos, infelizmente, pegou Covid e a minha esposa renovou essa promessa.” Após 21 dias de tratamento, os amigos recuperaram-se da doença e hoje estão em casa.

Devoção a Nossa Senhora foi o estímulo

Valquíria é natural de Caçapava do Sul, onde conheceu os amigos que motivaram sua promessa. Ela conta que sente gratidão pela amizade de Cátia e Fernando desde o nascimento de sua primeira filha, hoje com 21 anos, que veio ao mundo em um 12 de outubro – justamente o dia de Nossa Senhora Aparecida. “Eu devo a vida da minha família a eles, considero-os minha segunda família. Eu era adolescente na época, então, foi bem complicado. E eu sempre disse que Nossa Senhora ia me ajudar, e a minha filha nasceu no dia dela”, contou Valquíria, segurando em suas mãos uma imagem da santa, que a acompanhou durante o percurso até Rio Pardo.

A fé foi aliada de Ricardo e Valquíria durante o trajeto até a Cidade Histórica. Henrique conta que nem ele, nem a esposa têm o costume de se exercitar. Por isso, contaram com a ajuda da Aparecida para finalizar os cerca de 30 quilômetros em seis horas, chegando a Rio Pardo às 11h45.

Para retornar a Santa Cruz, Valquíria e Ricardo receberam apoio de um amigo, que os buscou de carro. Após a experiência, Ricardo disse, por telefone, que a missão foi árdua, mas valeu a pena. “Para quem era sedentário, até motivou a nos exercitarmos mais. Foi recompensador.”

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