A indústria automotiva brasileira passa por um período de paralisações em função da escassez de componentes eletrônicos. Nove montadoras estão parando pela falta do insumo, o que causa atrasos na entrega de veículos e peças de reposição. O problema já afeta concessionárias e lojas de autopeças de Santa Cruz do Sul, que estão com períodos de espera para atender os clientes.
O gerente comercial da DRSul Nissan Santa Cruz do Sul, Leonardo Becker, informou que no momento a concessionária apresenta atrasos pontuais na entrega de pedidos via venda direta realizados a partir de abril. “A falta de componentes afeta todo o setor automotivo, inclusive nossa marca. No fim de março, a Nissan paralisou a produção por duas semanas pela falta de componentes causada pela pandemia”, relata.
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O problema, segundo Becker, iniciou em março de 2020. Com a pandemia, houve uma série de períodos de indisponibilidade, que se agravaram e chegaram ao ponto mais crítico em abril de 2020. No entanto, a situação vem melhorando a cada semana. Em Santa Cruz do Sul, o estoque atual de veículos a pronta-entrega tem atendido à demanda da concessionária. “A disponibilidade de veículos está parcialmente comprometida. Modelos e versões mais vendidos e desejados têm disponibilidade imediata. Na falta de algum, o cliente pode ter que aguardar até 30 dias, em média, para receber o veículo”, explica. Já os pedidos de venda direta para produtor rural e CNPJ têm uma espera média de 120 dias, podendo chegar até a 150 dias.
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Além dos veículos, a empresa vende peças e acessórios. Os itens de alto giro têm disponibilidade normal, mas desde o início da pandemia há atrasos de entrega de algumas opções. Conforme Becker, entidades do setor projetam que este cenário estará presente até o fim de 2021, retornando ao normal gradativamente em 2022.
DIFÍCEIS DE ENCONTRAR
Para o sócio-proprietário da Cuppini Autopeças e Serviços, Nedio Cuppini, notadamente há uma dificuldade em conseguir determinados itens para reposição no mercado de autopeças. “O cliente final, em algumas situações, pode ficar com seu veículo parado por mais de uma semana até que se consiga a peça e se faça o conserto.”
A espera não influi no valor da mercadoria, mas alguns itens escassos podem sofrer alteração de preço. “O mercado de reposição sofreu com altas nos últimos meses pelo aumento de valor de matérias-primas que são usadas na composição e fabricação das peças em geral.” Os itens mais difíceis de encontrar são os eletroeletrônicos, em função da falta de componentes para a indústria por conta da escassez global de chips. Sem os componentes, unidades da Volkswagen, General Motors, Hyundai, Renault, Honda e Nissan realizaram paralisações nas atividades no Brasil.
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A situação ocorre desde o terceiro trimestre de 2020 e se agravou após a virada do ano, segundo o empresário. “Não me recordo de outro período tão extenso com falta de mercadoria no mercado. Nos últimos 45 dias houve uma melhora, mas ainda há dificuldades para se encontrar muitos itens”, conta. O tempo de espera depende da peça que o cliente precisa. A previsão do mercado de reposição, a partir de conversas com a indústria e fornecedores, é que a situação se estabilize no fim do ano, mas isso depende de como será o segundo semestre.
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