Uma massa de ar polar que chegou ao Estado nesta semana provocou queda nas temperaturas e formação de geada e neve em algumas regiões do Rio Grande do Sul nesta terça-feira, 29. O amanhecer mais frio, segundo a Metsul Meteorologia, foi em Santa Rosa, com -3,1 graus. Na sequência vêm São José dos Ausentes, com -2,9 graus; Bom Jesus, com -2,8; e Vacaria, com -1,6 graus. No Vale do Rio Pardo, a maioria dos municípios registrou mínimas abaixo de 5 graus. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, a Estação Meteorológica da Gazeta Grupo de Comunicações registrou no amanhecer 6,6 graus, mas a sensação térmica era de -4 graus em alguns momentos.
Os termômetros apontaram 6,5 em Venâncio Aires e 6 graus em Rio Pardo, enquanto em Herveiras fez 4 graus. E em Gramado Xavier, o termômetro instalado na praça central assinalou -1 grau por volta das 8 horas. Já por volta das 16h30 de terça, a marca registrada no mesmo equipamento era de 6,8 graus. Em Sobradinho, a menor temperatura da estação meteorológica do Campo da Aviação foi de 3,1 graus às 2h30, e a maior de 5 graus, às 15h30.
A meteorologista Estael Sias explica que a massa de ar polar toma conta de todo o Rio Grande do Sul e pode trazer para esta quarta-feira, 30, geada generalizada no amanhecer e marcas muito baixas, em torno de 4 a 5 graus, além de frio muito intenso. “Na Metade Oeste, o ar mais seco propicia um amanhecer mais gelado, com marcas que poderão baixar de zero, e pode ocorrer geada. Já nas faixas Leste e Sul e também no Vale do Rio Pardo, por conta da atuação de um ciclone no mar, a umidade mantém a presença de nuvens e rajadas de vento fracas a moderadas, com potencial de eventual precipitação invernal, sobretudo na primeira metade do dia”, afirma. Durante a tarde, a temperatura máxima deverá superar os 10 graus na grande maioria dos municípios gaúchos.
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Na quinta-feira, 1, e na sexta-feira, 2, a previsão é de dias ensolarados e de maior amplitude térmica, de acordo com Estael. “A mínima na quinta pode ficar em torno de 3 a 4 graus, e tem risco de geada. A tarde ensolarada e com baixa umidade deve ter 17 graus de máxima. Já na sexta-feira, a mínima deve ser de 6 graus e há possibilidade de cerração no começo da manhã. A temperatura à tarde pode chegar aos 19 graus”, explica. Já o fim de semana deverá ser de tardes amenas, com máximas que podem alcançar os 20 graus.
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VARIAÇÃO NORMAL
As temperaturas baixas dos últimos dias são consideradas habituais para o período. Segundo o professor de Agrometeorologia da Unisc, Marcelino Hoppe, após a passagem de uma frente fria, é normal que ocorra uma massa de ar polar. “Quando termina a chuva, vem o vento sul e baixa bastante a temperatura. Isso é comum”, afirma. Para o mês de junho, conforme ele, o recorde histórico no município foi de -3,6 graus, em 14 de junho de 1967.
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“Todo o inverno tem um ou dois dias em que a temperatura fica bem baixa, mas a média das temperaturas mínimas no inverno, aqui em Santa Cruz, fica entre 9 e 10 graus; e entre 20 e 21 a média das máximas, com uma temperatura média de 15 graus”, explica.
Já a média ao longo de todo o ano é de 20 graus. Ou seja, o inverno é 5 graus mais frio que a média e o verão é 5 graus mais quente, segundo Hoppe. “Em alguns dias vamos para 5 graus, que é quando entra a massa polar e a temperatura chega próximo de zero grau. Mas, nos últimos anos, nunca foi mais baixo que -1. O século passado foi mais frio que esse”, comenta. O mês de junho também costuma registrar o recorde de temperatura. Em 15 de junho de 1915, o município chegou a marcar 33,5 graus.
“Na nossa região, a variação é muito normal, tanto no inverno quanto no verão. Geralmente, temos uma oscilação de 10 graus entre o início da manhã e o meio da tarde. Mas já aconteceu de termos uma variação de quase 30 graus de um dia para o outro”, acrescenta.
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Reações diferentes para a agricultura
As baixas temperaturas registradas na região podem provocar reações diferentes na agricultura. Segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marcelo Cassol, dependendo do cultivo, o frio intenso pode comprometer completamente a produção. “As baixas temperaturas podem trazer danos às estruturas celulares das plantas, ou pelo alongamento dos ciclos. Podem provocar o retardamento ou inibição da germinação das culturas semeadas a campo, devido à baixa temperatura do solo, e de estádio reprodutivo, podendo assim provocar o aborto floral”, conta.
Para a piscicultura, as temperaturas da água, quando abaixo de 13 graus por períodos acima de 72 horas, podem afetar peixes tropicais, causando estresses e até mortalidade. “O recomendado é evitar renovar a água dos viveiros e suspender alimentação e fertilização durante períodos de frio”, orienta Cassol.
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Por outro lado, dependendo da cultura, as temperaturas baixas podem ser benéficas. É o caso de alguns hortifrutigranjeiros. “O frio auxilia nas culturas que necessitam de soma térmica (acúmulo de horas com temperatura inferior a 7,2 graus), como videiras, pessegueiros, ameixeiras e outros. Com as baixas temperaturas, também podemos ter a redução de ataques de pragas nas lavouras”, frisa.
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