A Polícia Civil de Arroio do Tigre concluiu o inquérito sobre o triplo homicídio ocorrido em Tunas em 12 de fevereiro, quando Jaime Schoeninger dos Santos, de 23 anos, assassinou a tiros o seu pai, Adão Antunes dos Santos, de 66 anos, e em seguida provocou um incêndio na casa da família, na localidade de Rincão dos Tocos, que vitimou sua mãe, Marlene Schoeninger, de 43, e sua irmã Jamile Schoeninger dos Santos, de 1 ano e 4 meses.
O documento de 200 páginas foi remetido ao Poder Judiciário pela delegada Graciela Foresti Chagas, que indiciou Jaime por homicídio triplamente qualificado. As qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena em caso de condenação – são motivo torpe, uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas.
A pena ainda poderá ser majorada em virtude das idades de duas vítimas, dado que uma tinha mais de 60 e outra menos de 14. Considerando o indiciamento, a pena pode chegar a 90 anos de prisão. Jaime está recolhido no Presídio Estadual de Sobradinho. Ao longo dos últimos três meses, a investigação reuniu uma grande quantidade de provas e evidências que apontam para Schoeninger. Uma das informações obtidas pela Polícia Civil que reforça a hipótese de premeditação, é que dias antes do fato Jaime havia comprado 65 litros de óleo diesel em um posto de Tunas. O combustível teria sido usado para queimar a casa com os familiares dentro.
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Os hábitos do rapaz, que gastava seguidamente em casas noturnas o dinheiro da herança antecipada pela família, teriam sido a razão de discussões entre ele e o pai, Adão Antunes. Somente nos últimos dias antes do crime,Jaime teria gasto cerca de R$ 8 mil em estabelecimentos do gênero.
O próprio acusado admitiu à polícia que esses gastos foram o estopim de um bateboca com o pai, na madrugada do dia do crime.Após o incêndio, Jaime teria ido direto a uma boate de Espumoso, na tentativa de forjar um álibi. Notas fiscais de compras no estabelecimento e uma foto do freezer do local, postada no status do WhatsApp, também foram tentativas de causar a impressão de que ele não estivera na cena do crime.
Uma vida de festas em casas noturnas
Para a Polícia Civil, o autor do crime não precisava da herança. O somatório do patrimônio do acusado, conforme apurado pelos investigadores, chega a R$ 2 milhões em propriedades, que vão desde a herança adiantada pelos pais em vida até os 37 hectares recebidos do tio para cuidá-lo. Segundo a polícia, Jaime Schoeninger pretendia abrir uma boate com garotas de programa no município.
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“O pai havia se tornado um empecilho para ele. O acusado estava gastando altas quantias em casas de prostituição da região, de R$ 7 mil a R$ 10 mil por mês, e tinha o projeto de ele próprio abrir uma casa de prostituição em Tunas, contrariando os pais e a família, que se tornaram um obstáculo para esse modo de vida. Isso se tornou a motivação do crime”, afirmou a delegada Graciela Foresti Chagas.
Uma investigação paralela chegou a ser iniciada para apurar o envolvimento de Jaime na morte de outro parente, meses antes da chacina. No entanto, de acordo com a delegada, o trabalho não apurou elementos suficientes que pudessem incriminá-lo.
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Relembre o caso
Inicialmente, o incêndio na propriedade da família Santos foi tratado como um acidente. No entanto, perícias feitas no local levantaram hipóteses sobre uma ação criminosa, pois resíduos de óleo diesel foram encontrados na casa. A constatação veio à tona ainda durante a manhã, quando a Polícia Civil, a Brigada Militar e o Instituto Geral de Perícias (IGP) realizaram os primeiros levantamentos na cena do crime.
Jaime acompanhou o trabalho da polícia no local. Na ocasião, o comportamento do jovem, que não demonstrava comoção, causou estranheza. Paralelamente a isso, a Polícia Civil localizou testemunhas que informaram que o jovem teria deixado o local do crime e ido para uma boate, no município de Espumoso – a cerca de 60 quilômetros de Tunas –, onde teria gasto grande quantidade de dinheiro.
Com elementos convincentes da participação de Jaime na morte dos pais e da irmã, a polícia de Arroio do Tigre prendeu o rapaz quando ele chegava, de táxi, para o enterro dos familiares. De acordo com a delegada, ele confessou a autoria do crime. No entanto, relatou ter agido em legítima defesa após uma desavença com o pai.
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Mas, segundo Graciela, na noite do incêndio, Jaime teria permanecido no local aguardando a residência ser consumida pelas chamas durante algum tempo. “Com certeza, ele ouviu os gritos de socorro da mãe, que estava trancada na casa com a irmã. Mas ficou lá para se certificar de que elas morreriam.
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Depois foi a uma casa de prostituição em Espumoso, retornou e acompanhou a retirada dos corpos da cena do crime, voltou e teve relação com outras duas mulheres, depois com mais uma terceira. Isso denota uma frieza anterior à prática do crime e também posterior, sem demonstrar abalo em momento algum”, comentou a delegada.
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