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EXPERIÊNCIA

Começa a colheita do tabaco na lavoura plantada fora de época

Foto: Carina Weber

Jorge Reckziegel, a esposa Ilaine e a filha Janaína plantaram 20 mil pés em fevereiro e comemoram o bom desenvolvimento das plantas

A maioria dos produtores de tabaco do Vale do Rio Pardo começou a lidar com os canteiros e as bandejas de preparação das mudas para a temporada 2021/22. Já o agricultor Jorge Reckziegel, 54 anos, de Linha 17 de Junho, a oito quilômetros da sede de Venâncio Aires, está em um estágio completamente diferente do ciclo produtivo: nos dias 19 e 20 de abril, ele, a esposa Ilaine e a filha Janaína colheram o baixeiro de duas lavouras com 20 mil pés. Folhas que, aliás, estão secas, curadas, desde a virada do mês. Tudo porque ele, como a Gazeta do Sul noticiou em meados de março, neste ano decidiu inovar com o experimento de plantio de tabaco em plena entressafra.

E o resultado, até o momento, em sua opinião, é “bastante satisfatório”. Produtor de tabaco já há 16 anos, após ter deixado a profissão de motorista de ônibus, em 2020 Reckziegel havia cultivado 70 mil pés no período normal, de verão, com plantio em meados de julho e colheita realizada entre outubro e o final de dezembro. Por causa da estiagem, e de oscilações climáticas, houve quebra de 14% em volume, que fechou em 700 arrobas, todas já comercializadas.

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E foi a incerteza sobre o desempenho da lavoura de período normal, cada vez mais suscetível a estiagem e clima, que o motivou a “experimentar” um plantio tardio, ou fora de época. “É um teste mesmo, por conta e risco”, explica, informando que a família custeou com recursos próprios as despesas atinentes a essa plantação.

Os 20 mil pés, plantados entre 24 e 26 de fevereiro, desenvolveram-se muito bem, segundo ele, beneficiados pelo clima, que se manteve quente e seco ao longo das semanas, e com pouco frio no outono até o momento. “Uma das lavouras, com metade das plantas, foi formada em área nova, onde nunca havíamos cultivado tabaco. Esse veio ainda mais viçoso, o que pode até afetar um pouco a qualidade, em termos de cor”, ressalta.

A intenção de Jorge é concluir a colheita com mais três fornadas. E, se o resultado final for bom, a expectativa é reduzir um pouco o plantio em período normal, o que era o objetivo desde o princípio com o experimento.

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E também já é hora de fazer os canteiros

Se a colheita vai prosseguir nas próximas semanas, por volta do dia 15 a família Reckziegel também já estará preparando os canteiros para as mudas da próxima safra de verão, a exemplo dos demais produtores em toda a região baixa. Jorge pretende semear o suficiente para cerca de 65 mil mudas, um pouco menos em relação ao ano passado. “É que a gente ainda não sabe como terminará nossa safra tardia”, avalia. “A baixeira secou, digamos, na média. Não muito clara, mas nisso também interfere a parcela que plantamos na lavoura nova. Vamos ver de agora em diante.” Nos últimos dias, a família se dedicou ao desponte das flores.

Ele admite que a curiosidade de outros produtores e de pessoas em geral identificadas com o tabaco é grande em torno de seu experimento. “Quase até demais!”, enfatiza, com sorriso, lembrando que, além de tudo, é necessário cuidar da saúde, em tempos de pandemia, com tantas visitas, algumas por vezes inesperadas. Conhecidos e estranhos chegavam com interesse em conferir o tal tabaco fora de época. Quanto à comercialização, desconfia que não terá problemas para a colocação do produto no mercado, diante das sinalizações já feitas por potenciais compradores.

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Reckziegel também ficou satisfeito com o resultado financeiro da comercialização das folhas colhidas na safra normal de verão. Ainda que em volume tenha dado 14% a menos do que no ciclo anterior, em receita a venda foi 10% superior, compensando a quebra. “Eu diria que, feitas as contas entre custos e ganhos, tivemos uns 2% de lucro”, salienta. “A safra foi satisfatória, sim”. E a mesma satisfação ele agora espera vivenciar com a produção da entressafra.

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