Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o volume de pessoas com depressão aumentou no decorrer da última década e a tendência é de que siga crescendo. Atualmente, 5% da população mundial, algo em torno de 330 milhões de pessoas, convivem com a doença e suas repercussões no cotidiano. No Brasil, um dos países com mais casos na América Latina, a depressão impacta nada menos do que cerca de 12 milhões de pessoas.
A ansiedade, outro quadro que interfere de forma negativa na qualidade de vida, é ainda mais presente no Brasil. Quase 10% das pessoas manifestam os sintomas, que se dividem entre os ataques de pânico, as fobias, os transtornos obsessivos compulsivos, o estresse pós-trauma e a ansiedade generalizada.
Neste ano, em razão da pandemia do novo coronavírus e de todas as mudanças ocorridas no cotidiano, os casos devem se multiplicar. Afinal, o isolamento social, o medo e a incerteza são catalisadores para sintomas ansiosos e depressivos. O The New England Journal of Medicine, um dos periódicos mais respeitados no mundo, já publicou um editorial retratando a nova realidade.
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O fato é que os números, mais do que servirem de alerta tanto entre as famílias quanto as empresas, necessitam ser observados com atenção. Afinal, transtornos assim devem receber o tratamento adequado, pois as consequências às pessoas e à saúde pública de um modo geral podem ser graves. Identificar o problema e buscar o tratamento o mais rápido possível é o melhor caminho, afirmam os especialistas.
PARA ENTENDER
Ansiedade é um termo geral, usado para caracterizar distúrbios que causam angústia, medo, apreensão, nervosismo e preocupação. Ela é uma reação natural a algumas situações da vida, como uma entrevista de emprego ou a véspera de exames de saúde. “O problema acontece quando esses sentimentos são vivenciados de forma intensa e bastante frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional”, explica o psicólogo Jader Carvalho Mioto.
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A depressão é uma doença na qual a pessoa sente tristeza profunda, baixa autoestima e sentimento de culpa recorrente. Além disso, vivencia distúrbios do sono e do apetite, perde o prazer ou a alegria nas atividades e relações pessoais, se sente desmotivada ou sem energia e pode apresentar pensamentos suicidas.
Em ambos os distúrbios, podem ocorrer falta de interesse sexual, mal-estar e cansaço frequente, sudorese, taquicardia (coração acelerado), dores e sintomas físicos, entre outros. A pessoa se sente paralisada e incapaz, seja pelo medo, angústia ou falta de motivação.
COMPORTAMENTO
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Em meio à crise, cada indivíduo reage e sente a situação de forma diferenciada. Por esse motivo, muitas pessoas se sentem confusas, amedrontadas, desorientadas, ansiosas, anestesiadas ou tentam manter distanciamento emocional, isolando-se. As reações podem ser leves e passageiras, mas também extremas, impactando de forma negativa a saúde social e mental.
Qualquer sujeito está mais vulnerável a reações psicológicas durante a pandemia, o que não deve de forma alguma ser escondido ou interpretado com vergonha. Os impactos no comportamento podem ser sintomas físicos, como tremores, agitação, dores de cabeça, cansaço e palpitação. Também é comum vivenciar momentos de tristeza, solidão, incapacidade, medo, frustração e ter episódios de choro fácil, alterações no sono e se sentir desorientado.
Afinal, poucas pessoas já vivenciaram um período tão delicado como esse. O exagero desses sintomas e a alta frequência deles são considerados um perigo, visto que pode-se iniciar um quadro de ansiedade ou de depressão. A dependência química e o abuso de álcool, por exemplo, são transtornos graves relacionados ao enfrentamento de adversidades e sofrimentos que fazem parte da vida do ser humano. Dessa forma, o indivíduo pode buscar conforto para aliviar a dor psíquica em drogas e bebidas.
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Todo o cenário representa uma carga emocional muito forte, principalmente para as pessoas que já são mais fragilizadas. Sem os devidos cuidados, pode ocorrer uma recaída ou a intensificação de um problema já existente. Na depressão, por exemplo, os episódios podem ser mais graves, evoluindo para tentativa de suicídio.
Isolamento social agrava situação
A pandemia do coronavírus impactou a sociedade e todos os indivíduos em diversas esferas. Primeiramente, houve um grande impacto no âmbito financeiro, uma vez que empreendimentos, comércios e outros tipos de negócios tiveram que ser interrompidos, o que resultou na perda de empregos e falência de empresas.
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O desemprego ou a diminuição da renda são fatores ligados ao surgimento de sintomas depressivos e ansiosos, devido à incerteza e ao medo de não conseguir arcar com as responsabilidades mensais e necessidades dos familiares. Além disso, foi necessário promover o isolamento social para diminuir a propagação do vírus e o número de casos.
Assim, membros da família e amigos, que antes conviviam de forma próxima, devem postergar os encontros. Para algumas pessoas, essa medida vem significando um grande sofrimento, visto que muitas moram sozinhas, ficando sem nenhuma companhia durante a quarentena, ou se preocupam com entes queridos mais sensíveis que estão longe, como os idosos e pessoas com deficiência ou distúrbios psíquicos.
Há também o medo de ser contaminado pelo vírus e sofrer as consequências da doença. O número de mortos pelo coronavírus despertou um grande alerta na população, que teme principalmente pelos mais velhos e pessoas com doenças preexistentes.