Na profissão, nos relacionamentos, nas finanças. Independentemente da área, algum aspecto da vida provavelmente foi motivo de grandes dificuldades no ano que passou. Dizer que 2019 foi um ano mais desafiador do que de costume soa quase uma unanimidade nas rodas de conversas, e há até quem defenda teorias astrológicas embasadas no alinhamento dos planetas para justificar tantas transformações. Crenças à parte, o fato é que o último ano trouxe à tona a necessidade de abordar questões relacionadas com a saúde mental. Talvez por isso, neste ano, o Janeiro Branco esteja ganhando maior evidência. A campanha já existe desde 2014, e busca justamente aproveitar a simbologia do início de um novo ano para inspirar as pessoas a pensar sobre os sentidos e propósitos de suas existências individuais e coletivas.
“É um convite à população e instituições ao entendimento de que cada ciclo iniciado em nossas vidas é como uma folha em branco que se abre à nossa frente, convocando para a efetiva autoria das nossas próprias vidas com mais saúde”, afirma o psicólogo e idealizador da campanha, Leonardo Abrahão.
Segundo ele, embora pouco ainda se discuta a respeito, os números reiteram a importância de colocar o tema em pauta. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que 5,8% da população brasileira (12 milhões de pessoas) sofrem de depressão – maior taxa da América Latina, segunda maior das Américas e quinta maior do mundo. Em transtornos de ansiedade, o Brasil é recordista mundial, com 9,3% da população com algum desses problemas. Quanto ao suicídio, o cenário também é preocupante: a ocorrência de 12 mil suicídios anuais faz com que o Brasil ocupe a oitava colocação no planeta.
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Além dessas crescentes taxas, conforme Abrahão, a sociedade brasileira tem apresentado a intensificação de problemas relacionados ao uso inadequado de substâncias psicoativas (drogas lícitas e ilícitas, como álcool e cocaína), crescimento da violência ubrana, agravamento da desigualdade social, coisificação das relações sociais, recrudescimento de preconceitos e adoecimento dos sentidos existenciais.
Para disseminar a cultura da saúde mental, o Janeiro Branco quer chamar a atenção das mídias, instituições, cidadãos e autoridades públicas sobre a criação de políticas públicas e privadas. Profissionais de diversas áreas têm abraçado a proposta de psicoeducação da sociedade. Em algumas cidades e estados do País, a campanha virou até lei.
Mensagens, reflexões e orientações são levadas às comunidades por meio de palestras, panfletagens, intervenções artísticas, distribuição de abraços e outras ações. É possível conhecer mais sobre o movimento na internet, pelo site www.janeirobranco.com.br ou @janeirobranco no Instagram.
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