Com surtos de febre amarela, sarampo, gripe e outras doenças mundo afora, nunca se debateu tanto o papel das vacinas na prevenção e no controle de diversas infecções. Se entre os especialistas não há dúvidas de que a vacinação foi responsável direta por melhorias na saúde e no aumento da expectativa de vida, alguns boatos vêm surgindo nos últimos anos, desqualificando o poder curativo das vacinas.
A queda na adesão vem sendo acompanhada de perto pelos órgãos públicos. “Um fator que contribuiu para isso são as inúmeras notícias falsas, as chamada ‘fake news’, criadas sobre diversos mitos da vacinação”, comenta uma das responsáveis pelo setor de imunização da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) de Santa Cruz do Sul, Marlene Webber Andriolo. A profissional esclarece a seguir o que é verdade e o que é mentira quando o assunto é vacinação.
– Algumas vacinas ajudam a prevenir câncer. VERDADE.
Aquelas que bloqueiam as hepatites e o HPV ajudam a evitar tumores no fígado e no colo do útero, respectivamente.
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– Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo em uma criança pode aumentar o risco de reações, que podem sobrecarregar o sistema imunológico. MENTIRA.
A administração simultânea de mais de uma vacina não tem contribuído para o aumento de eventos adversos. As vacinas são seguras e passam por um rígido processo de validação. Ressalta-se, no entanto, que nenhuma vacina está livre totalmente de provocar eventos adversos, assim como ocorre com os medicamentos, mas são bem menores que os malefícios trazidos pelas doenças.
– Existem vacinas que precisam ser tomadas antes de viagens? VERDADE.
A vacinação antes de viajar é especialmente recomendada às pessoas que planejam ir para países tropicais, especialmente os que passaram por epidemias de doenças como febre amarela.
– Vacinas causam autismo. MENTIRA.
Trabalhos científicos, incluindo um que acompanhou mais de 650 mil crianças, num período de 11 anos, têm mostrado que não há relação das vacinas com este transtorno.
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– Existem vacinas que precisam ser renovadas de tempos em tempos. VERDADE.
É o caso, por exemplo, da que protege contra tétano e difteria, que exige um reforço a cada dez anos.
– Pessoas alérgicas a ovo não devem tomar vacina contra gripe. VERDADE.
No processo de produção das vacinas contra a gripe existe uma etapa em que os vírus crescem em ovos embrionados e isso pode levar partes proteicas dos ovos para a vacina. Em alguns casos de pessoas muito vulneráveis à gripe, porém, o médico pode indicar a vacinação, que deve ser feita por um centro de saúde especializado.
Prevenir é essencial
Conforme a enfermeira e proprietária da Clínica Imuniza, Fernanda Bastos, manter a carteira de vacinação em dia é essencial para evitar problemas, especialmente quando doenças voltam a aparecer pelo País, como foi o caso do sarampo no ano passado. “Quem estiver com a vacinação em dia vai ficar tranquilo e não precisará correr para fazer a imunização”, comenta.
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No caso da gripe, por exemplo, a vacina demora 15 dias para fazer efeito, por isso é ainda mais importante manter a organização e se programar para tomar a dose o quanto antes. Na Imuniza, as vacinas da gripe já estão disponíveis desde o dia 22 de março e podem ser aplicadas a partir dos 6 meses de idade, principalmente em pessoas com maior risco para infecções respiratórias. “Em caso de febre, deve-se adiar a vacinação até que ocorra a melhora”, recomenda a profissional.
Fernanda ressalta ainda que apesar do foco da vacinação normalmente ser a criança, adultos também precisam estar protegidos, até porque algumas vacinas foram desenvolvidas mais recentemente e provavelmente não foram aplicadas antes.
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