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Caçador de tendências: o que isso tem a ver com a arquitetura?

Que o arquiteto, o decorador ou designer tenha que estar atento às tendências do segmento não é nenhuma novidade. Mas se ao invés disso ele se propor também a ser uma espécie de “caçador dessas tendências”? Essa seria uma boa definição para o termo coolhunting. Especializada no assunto, a arquiteta Marcia Campetti, à frente do Estúdio Campetti há quase 20 anos, é uma dessas pesquisadoras que busca, estuda, participa de grupos colaborativos e de troca de informações.

Segundo a profissional, o termo “coolhunting” tem relação com movimento e com ação, não sendo um estudo apenas teórico ou estático. “O coolhunting engloba uma ação específica de movimento, de busca de informações, de caçar tendências mesmo. Sua origem vem do termo anglo-saxão “cool”, que em livre tradução significa “legal”. Era atribuído aos tocadores de jazz dos anos 70, que tocavam em porões escondidos. E aquela música era algo tão legal, tão bacana que as pessoas não sabiam atribuir um único adjetivo. Enfim, aquele som era “cool”. E “hunting” significa caçando, caçar. Então, coolhunting significaria “caçar tendências””.  

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Mundialmente existem os caçadores de tendências, que são chamados de “coolhunters”. E o termo se aplica aos mais diversos segmentos, como na moda, na gastronomia, na música e na arquitetura e decoração, sendo o seu uso mais conhecido na moda vestuário. Esses caçadores saem pelas as ruas em cidades já pré-determinadas – as cidades monitoradas – com uma máquina fotográfica na mão e ficam analisando detalhes, comportamentos, elementos curiosos e padrões que se repetem, as chamadas “anomalias”. Uma equipe recebe essas informações mundiais e analisa, estuda os fenômenos para entender o que pode se tornar tendência dali algum tempo.

Marcia explica que essas “anomalias” precisam ser repetidas em outro lugar no mesmo momento ou em outro setor. “Aquilo que se repete com frequência passa a ser algo a ser analisado. Após a constatação dessa repetição, o sinal começa a ser monitorado”, destaca. “No universo fashion isso é muito mais comum de ser percebido com o lançamento das coleções de vestuário ao longo do ano: primavera/verão e outono/inverno. Já na arquitetura essas tendências são mais longas e demoradas, chegando a durar oito, 10, 15 anos. Tudo isso é estudado, catalogado e vendido por essas agências de pesquisa”, complementa a profissional.

Mas hoje com a internet existe também muita troca de informação por meio de grupos colaborativos. “Hoje, existe uma democratização bem interessante nessa troca de informações. Existem sites abastecidos com imagens do mundo todo onde o profissional pode se “alimentar” dessas informações, dessas anomalias”, diz Marcia. E para aplicar todo esse conhecimento na arquitetura, a profissional acaba fazendo um trabalho diferenciado. Além dos grupos colaborativos, Marcia pesquisa em filmes, revistas e sinais do dia a dia buscando sempre pela composição de cores, texturas, volumes e elementos que possam criar um diálogo interessante entre si.

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“Nosso trabalho no escritório é escutar primeiro a expectativa do cliente para então apresentar a novidade. Tudo é minuciosamente explicado com a devida justificativa sobre o porquê da cor, do material, da composição, da combinação dos diferentes elementos, a fim de se construir um ambiente com a identidade própria do proprietário, mas também antenado com as principais tendências utilizadas ao redor do mundo”, explica. Um exemplo foi a utilização da linguagem dos quadrinhos num quarto de adolescente em que aparecem tirinhas do Calvin e Haroldo espalhadas pelas paredes e na porta do armário. A escolha do cliente era por um ambiente lúdico e divertido e a composição criou a atmosfera desejada.

Por fim, a arquiteta explica que é preciso notar que aquilo que é tendência caminha numa curva montanhosa. “Quando ela está no comecinho e não é nada conhecida é utilizada só por aqueles “malucos”, basicamente aquela coisa que a gente olha na revista e diz “eu jamais vou usar isso”. E de repente lá em cima, no alto da curva, quando a tendência se torna mais acessível ao público e as revistas começam a publicar, ela tomou uma força e chegou no seu topo. Depois, a tendência começa a fazer o movimento descendente e a cair de novo, e o que era “moda” começa a cair em desuso. E nesse processo o novo sempre vem vindo, não é necessário morrer uma tendência para nascer outra. O grande barato é saber acompanhar esse movimento”.

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