Criado no interior, morando na mesma localidade desde o nascimento e com uma esperança imensa no agronegócio, Anselmo Bernardy, 62 anos, morador de Arroio Bonito, interior de Sobradinho, investe no cultivo da soja desde os anos 1980. Atualmente com 95 hectares plantados, concilia a plantação da principal cultura agrícola do País com em torno de dez hectares de milho. Para trabalhar com o cultivo da soja, Bernardy conta com a cooperação de amigos e parentes que o ajudam durante a produção. A esposa de Anselmo, Rosane Turcatto Bernardy, a filha Andreza e a irmã Selvira, se dedicam ao cuidado da mãe do agricultor, dona Rosalina Segatto Bernardy, de 98 anos.
Há três anos o agricultor deixou a fumicultura e decidiu investir massivamente na soja. Ressaltou que foi assim que conseguiu adquirir maquinários, construir uma nova casa e oferecer uma melhor qualidade de vida para a família. Bernardy destacou a dificuldade de comercializar o tabaco quando o plantava, diferente da soja que, segundo ele, é entregue em uma cooperativa onde todos os produtores participam das ações e auxiliam-se.
Questionado sobre o incentivo dado ao sojicultor, ele ressaltou que tem maior possibilidade de financiamento de maquinários, tendo uma boa assistência da cooperativa da qual é associado. Bernardy destacou ainda que trabalha na lavoura praticamente sozinho durante o período de plantio.
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A safra 2020/21 iniciou no final de outubro do último ano, sendo concluída a plantação no final de novembro. Já o início da colheita em sua propriedade iniciou na sexta-feira, 12 de março. “Estou contente, acredito que vamos colher de 55 a 60 sacas por hectare, se chover pode melhorar a expectativa”, afirmou.
Segundo o agricultor, a colheita é realizada por etapas, já que nem todo o produto se encontra em fase final. Em relação a pandemia, Bernardy salienta que não ocorreram perdas econômicas na lavoura, mas houve uma disparada no preço dos insumos.
Nos próximos anos, Bernardy pretende seguir investindo na produção de soja. “Eu não vou mudar, porque agora eu tenho as máquinas e equipamentos. A saída é essa, o mundo precisa de alimento”, acrescentou. O produtor destacou também que para trabalhar com a agricultura é preciso planejamento, definir as ações e aquisições na “ponta da caneta”. “Só vai ficar na lavoura quem tiver organização, tem que cuidar das contas, ter sempre em dia para poder ter crédito e fazer investimentos”, disse.
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101.850 hectares de soja na região Centro-Serra
Conforme o assistente técnico em produção vegetal da Emater/RS regional de Soledade, Josemar Parise, a atual safra está dentro de um quadro de normalidade para uma boa colheita. Ressaltou que a chuva logo após o plantio trouxe boa qualidade para o produto, mas no momento é preciso que as precipitações sejam mais efetivas para auxiliar no desenvolvimento final da plantação.
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Parise acrescentou que a regional da Emater de Soledade, a qual envolve a maioria dos municípios da Região Centro-Serra, estima a colheita entre 60 e 70 sacas de soja por hectare.
Área em hectares plantada na região:
Salto do Jacuí: 26.000
Jacuizinho: 17.600
Estrela Velha: 12.800
Arroio do Tigre: 9.000
Lagoão: 7.750
Novo Cabrais: 6.500
Tunas: 6.000
Segredo: 5.500
Passa Sete: 4.500
Sobradinho: 2.350
Lagoa Bonita do Sul: 1.600
Cerro Branco: 1.300
Ibarama: 950
Total: 101.850
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Otimismo
O gerente da unidade da Cotriel de Sobradinho, Leandro Fernandes, destaca que a expectativa na área de abrangência da unidade é de em média 60 sacas por hectare, sendo preciso uma boa chuva pela frente para seguir com a média. Fernandes ressalta que a última safra fechou com média de 30 sacas por hectare. “A expectativa para este ano é muito boa. Tivemos um crescimento de 5% da área em relação a última safra”, acrescentou.
O gerente da unidade da Cotriel de Arroio do Tigre, Sebastião Valdeci Mendes, também ressalta a boa expectativa desta safra, acrescentando que na sua área de abrangência, variedades precoces apresentam rendimento de 70 sacas por hectare. “Em relação ao ano passado temos uma expectativa bem melhor, pois na safra anterior recebemos a metade do esperado”, afirmou.
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Mendes enfatiza que as unidades da Cotriel estão recebendo a safra seguindo os protocolos de segurança em relação a pandemia, com uso de máscara, álcool em gel, acesso restrito na balança e armazém. “Trabalhamos o ano agrícola inteiro, desde a semeadura até a colheita, somos parceiros do produtor na hora ruim e na colheita farta. O associado é nossa razão de existir”, destaca.
De acordo com a cotação diária dos produtos agropecuários da Cotriel, nesta sexta-feira, 18, a saca da soja fechou cotada a R$ 159,00.