Inovar, renovar e reinventar. Essas foram palavras de ordem para a empresária Angela Ferraz, proprietária da Oficina do Estudo, diante da pandemia do novo coronavírus. O empreendimento, que oferece cursos preparatórios para vestibulares, Enem, concursos públicos, cursos de idiomas, entre outros serviços, precisou adaptar completamente a forma de atender os alunos.
A empresária destacou que esta é uma situação delicada e que não está sendo fácil, mas é preciso manter a esperança. Ela acrescentou que está buscando fazer o possível para manter a estabilidade financeira e emocional dos funcionários, buscando várias alternativas para manter a organização e funcionamento, procurando manter um serviço de qualidade para os clientes.
Conforme Angela, a Oficina sempre ofereceu um atendimento exclusivamente presencial e diante deste momento, foi preciso disponibilizar aulas on-line para os estudantes. “Passei noites em claro e dias exaustivos, tentando sempre buscar agregar mais conhecimento e novas ferramentas. No início fiquei nervosa e apreensiva, mas em três dias eu consegui reorganizar toda a estrutura da empresa e gerir toda a equipe para a nova situação. Confesso que tudo só foi possível e andou bem porque todos ‘pegaram junto’, os professores se empenharam ao extremo para assumirem novos papéis além do papel de ensinar. Agora eles estão muito além das 3 horas presenciais em sala de aula, eles estão diariamente em várias plataformas de ensino e ficam disponíveis em atendimentos de plantões tira-dúvidas, aulas extras e reforços”, disse.
Publicidade
A professora ressaltou que a empresa praticamente dobrou o número de aulas contratadas pelos pais, sem cobrar um valor adicional por esse serviço complementar. Mesmo com a pandemia a empresa inovou na estrutura, mudou de prédio, ampliou as instalações, e agora, com as novas adaptações, em um período pós-pandemia passará a oferecer um novo modo de ensino: “A partir de agora a Oficina não será mais exclusivamente presencial, teremos a possibilidade de oferecer muita coisa EAD, atendendo mais ainda toda região que, por muitas vezes, pela distância, não podíamos, pois só existíamos de forma presencial.”
Angela salientou que ouviu dos amigos empresários que esse seria o ano da “quebradeira” e que muitos fechariam as portas. “Lógico que quando se escuta isso de pessoas com muito mais tempo de empresa, bate aquele medo, mas, ao mesmo tempo, meu coração se enchia de vontade e eu não absorvia mais essa negatividade, que muitos chamam de realidade. Eu resolvi ‘arregaçar as mangas’ e tentar, resolvi fechar os ouvidos e mentalizar coisas boas, tirar projetos do papel, e investir mais tempo em ferramentas novas de ensino e continuei acreditando naquilo que me trouxe até aqui, acreditando nos sonhos de cada aluno”, relatou.
Publicidade
O empresário Roberto Mainardi, proprietário das lojas Vento Norte, Ventão e Ventinho, salientou que o quadro funcional está definido com cerca de 30 empregados, e após uma reunião optou por não demitir ninguém, destacando que vai manter o quadro funcional. Roberto também destacou a importância de se reinventar diante deste momento, reduzindo custos, cortando gastos, otimizando pessoal, economizando para manter a empresa trabalhando.
“Tenho visto que a comunidade como um todo está aderindo ao uso de equipamentos de proteção, as empresas estão muito zelosas também, acho que deve ocorrer poucas demissões, as empresas estão tentando ao máximo contornar esse encurtamento nas vendas, mas este é o momento de buscarmos soluções criativas, sempre conversando muito com os colaboradores da empresa, ouvindo o que eles têm a dizer, até porque estamos todos na mesma situação dentro desse núcleo de trabalho, por isso trabalhamos sempre em conjunto. O diálogo está sendo o principal caminho para superar esse momento. Com a união de colaboradores e direção da empresa, com certeza sairemos mais fortes dessa dificuldade”, disse.
Publicidade
O administrador do Supermercado Avenida, Cássio Finkler, salientou que em relação ao número de empregos a situação está normal, não houve demissões de funcionários, e na empresa também não houve aumento na procura de empregos. Cássio também falou sobre a reinvenção durante este momento, destacando uma experiência da qual nunca havia passado, que foi a necessidade de trabalhar com a porta do estabelecimento fechada e a situação de limitação de clientes. “Tudo isso já é uma mudança. Outra situação foi o adiantamento de alguns passos, como as vendas on-line, uma coisa que estávamos programando mais para frente, já que é algo bem complexo de organizar, e acabamos precisando adaptar para conseguir facilitar as compras dos clientes”, frisou.
A sócia e diretora do Super Treviso, Natália Trevisan Lima, ressaltou que o quadro de funcionários, mesmo diante da pandemia, aumentou, já que foi preciso fazer novas contratações por causa do aumento do movimento e também em virtude dos novos postos de trabalho que precisaram ser criados, como, por exemplo, os funcionários que ficam na porta do supermercado fornecendo álcool gel e passando orientações gerais para os clientes, e essas funções demandam quatro funcionários para fazer o revezamento de horários.
Publicidade
Conforme Natália, a empresa também buscou se reinventar, mudando a forma de planejamento, frisando que diante deste momento não é mais possível fazer um planejamento a longo prazo. “A cada momento vem uma nova orientação, estamos vivendo o presente de uma forma bem intensa, colhendo todos os frutos que já vínhamos plantando há muito tempo, e tendo a certeza cada vez mais que estamos no caminho certo, no caminho do amor-próprio e ao próximo”, acrescentou.
A presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Sobradinho (Caciss), Tatiana Lisbôa, salientou que a entidade realizou uma pesquisa nos escritórios de contabilidade, e o levantamento mostra que desde o início da pandemia até o momento houve duas vezes mais suspensões de contratos de trabalho do que demissões nas empresas do município.
Publicidade
“Esses dados demonstram que as medidas e apoio do governo que estão em vigor, altera uma série de regras trabalhistas durante o período de calamidade pública com o objetivo de auxiliar as empresas e preservar os empregos estão sendo muito válidas”, disse. De acordo com Tatiana, qualquer projeção para o futuro tem margem gigantesca de erro, frente a esta situação que está sendo enfrentada por todo o mundo.
LEIA TAMBÉM: Secretária de Assistência Social fala sobre as ações de combate ao coronavírus
Reajustes
A empresária Angela salientou a importância da motivação para seguir em frente, apesar das dificuldades. “Nós empresários, vamos passar apertos nessa pandemia, todos passarão, mas não podemos deixar os nossos sonhos, os quais foram construídos com tanto amor e empenho até aqui, caírem por terra. Vamos reajustar, nos reinventar, alinhar nossos pensamentos e ações, pensar positivo, renegociar, dar pausas, nos acalmar. Vamos levantar da cadeira, erguer a cabeça e seguir. Vamos estender a mão e segurar na mão do outro. Vamos imaginar como seria a nossa cidade, a nossa região sem a nossa empresa, como seria os nossos clientes e funcionários sem a nossa empresa, e depois de pensar nisso que mesmo com os olhos cheios de lágrimas a gente entenda que precisamos continuar, que alguém precisa da gente, e que nós precisamos disso para manter nossos sonhos, nossa vida”, finalizou.
LEIA MAIS: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA SOBRE O CORONAVÍRUS