Após participar de um quadro de perguntas e respostas do programa Caldeirão do Huck, da TV Globo, no fim de semana, um jovem natural de Tunas, na região Centro-Serra, tornou-se o centro de uma polêmica. Além de ser criticado pelo seu desempenho no jogo, João Riél Manuel Nunes Vieira de Oliveira Brito teve questionada a sua experiência acadêmica e foi acusado de se apresentar falsamente como advogado e de se passar por desembargador em uma visita ao vice-presidente Hamilton Mourão em setembro.
O caso veio à tona em uma reportagem do site jornalístico Metrópoles, de Brasília, publicada no domingo, um dia após a transmissão do programa. Durante o quadro Quem quer ser um milionário?, o apresentador Luciano Huck perguntou a João Riél se ele é advogado com inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Sim, mas hoje estou licenciado porque sou juiz leigo”, respondeu. A reportagem mostrou, porém, que ele só passou pela OAB como estagiário, e que essa inscrição não está mais em vigor desde sua formatura.
O Metrópoles revelou ainda que o tunense é réu desde 2015 em uma ação movida pelo Ministério Público na qual responde por supostamente ter usado a inscrição da OAB de uma advogada, inclusive após o cancelamento de seu cadastro de estagiário. A ação ainda tramita junto à comarca de Arroio do Tigre. A reportagem também apresentou um registro da agenda oficial da vice-presidência da República na qual uma reunião com João Riél é citada e ele é apresentado como “desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul”.
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Com apenas 28 anos, João Riél trabalha como juiz leigo voluntário no TJ e ostenta um extenso currículo, que inclui mestrado e doutorado em Portugal, pós-doutorado na Itália, quase 20 livros de Direito publicados e participação em cerca de 130 coletâneas, além de honrarias recebidas em vários órgãos do País.
Durante o programa, no entanto, ele deslizou em perguntas consideradas simples, o que levou o público a questionar sua trajetória. Visivelmente nervoso, João Riél hesitou ao ser questionado sobre qual seria a figura mitológica que mistura uma mulher e um peixe (sereia) e pediu ajuda para responder qual a modalidade esportiva que integra o Super Bowl (futebol americano) e quantos segundos existem em uma hora (3,6 mil).
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“Pelo nervosismo, acabei me equivocando”
Procurado ontem à tarde pela Gazeta do Sul, João Riél disse estar sendo vítima de “várias fake news”. Após confirmar que não possui inscrição na OAB como advogado, ele alegou que sua declaração no programa foi um equívoco. “Pelo meu nervosismo, acabei me equivocando”, disse.
João Riél também negou que tenha se apresentado como desembargador na visita ao vice-presidente. Segundo ele, houve uma falha na divulgação da agenda oficial, provavelmente em razão de ter ido ao encontro com Mourão acompanhado do desembargador Kassio Nunes Marques, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Sobre a ação do MP na qual responde por supostamente utilizar a inscrição da OAB de outra pessoa, afirmou que isso se deu em função de um “erro de cadastramento”. “Nem sei quem é essa pessoa.”
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João Riél afirmou ainda que tem condições de comprovar toda a sua trajetória acadêmica, incluindo os estudos na Europa e os livros e artigos publicados. “Eu comecei esse currículo literário muito cedo”, argumentou. Quanto ao seu desempenho no Quem quer ser um milionário?, Riél também atribuiu os deslizes ao nervosismo.
O tunense disse ainda que, apesar da polêmica, sua participação no programa colheu “repercussões muito positivas” e pretende entrar na Justiça contra as publicações. “Tudo o que estiver deturpado, vou solicitar a remoção e tomarei as medidas cabíveis”, frisou.
>>> Clique aqui para assistir a participação de João Riél no programa
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