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Angústia

‘Não imagino entrar no fim de semana de novo sem ela’, diz pai de menina retida nos Estados Unidos

Uma família candelariense vive a angústia de saber que a caçula, de 17 anos, está retida em um abrigo para menores imigrantes, em Chicago. A jovem Natália Neto viajou para os Estados Unidos em fevereiro, para passear e ficar uma temporada na casa dos tios. Na última quinta-feira, no entanto, ao retornar de um passeio no México, ela foi pega na imigração e teve os documentos apreendidos na fronteira vizinha.

O pai, Marcelo Neto, afirma que a filha estava com o visto de turista em dia. Ele já pediu licença do trabalho para focar em maneiras de tentar trazer a adolescente de volta para o Brasil. Na última semana, só conseguiu falar com ela duas vezes por telefone. Na última sexta, a menina usou o celular para se comunicar, quando desabafou para os pais: “eu estou bem, mas me tirem daqui.”

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Apesar de estar em contato com autoridades brasileiras desde o ocorrido, a família sofre com a falta de informações. A reportagem da Rádio Gazeta conversou com Marcelo Neto nessa quarta-feira. Confira.

Rádio Gazeta – A Natália foi para os Estados Unidos em fevereiro. Ela foi para estudar? Tinha outros objetivos?
Marcelo – Ela foi por volta de 23 de fevereiro, se não me engano. A Natália foi passear na casa do tio. O meu irmão mora nos Estados Unidos já faz tempo, é cidadão norte-americano. Ela foi com passaporte válido, visto válido, obviamente nós não íamos deixar a menina partir sem isso em dia. Então ela foi para casa do meu irmão, foi passear lá e eu permiti que ela ficasse até bastante tempo se quisesse. Claro, observando o carimbo de permanência. Ela estava há uns cinco meses lá, não tinha vencido esse carimbo, não tinha seis meses ainda.

Gazeta – É um visto para turista, então?
Marcelo – É um visto para turista. A maioria das pessoas está pensando: com esse visto para turista, ela conseguiu estudar? Com esse visto de turista ela conseguiu, sim, estudar. Não estudou muito até porque era fim de ano letivo lá. Na verdade ela chegou lá em fevereiro, não sei se começou a estudar em março. Ela nem iria estudar, iria passear. E aí o meu irmão pensou: ‘vamos ver se tu conseguiria acompanhar, teu inglês está excelente.’ E ela realmente ficou um mês, um mês e pouco, para ver se dava para acompanhar, porque além de aprender tinha que entender tudo em inglês.

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Gazeta – É uma escola regular que ela frequentou, de ensino médio?
Marcelo – Sim, eles chamam de high school lá. Eu não sei se a Natália ia continuar lá, até porque agora já estava perto dela tomar a decisão, ela teria que vir pro Brasil. Eu não sei se a Natália ia querer virar uma norte-americana ou não, mas ela estava passeando lá. O problema maior foi durante esse passeio lá (no México). O Texas é divisa com o México, meu irmão mora naquela região. Então eles foram até o México e no retorno, na imigração, deu uma confusão. Uns dizem uma coisa, outros dizem outra. Na realidade a gente não tem uma documentação, um registro sobre o motivo de ter dado algum problema na volta. Aí a gente imagina: mas foi por quê? Por que estava com visto de turista e estava estudando? O colégio deixou, né? E eu nem sei se foi isso que aconteceu.

Gazeta – O senhor sabe até quando ia a validade do visto dela?
Marcelo – Eu acho que até esta semana ainda está válido o visto, acho que era até 20 e poucos (de agosto). Ainda hoje (ontem) estaria válido. Agora foi revogado.

Gazeta – Na abordagem na fronteira, não chegaram a justificar por que tiveram que reter ela e os documentos?
Marcelo – Não. E até hoje eu pergunto pro meu irmão: o que tu achas que foi? E ele não tem nenhum documento na mão, não tem nada. Eu sei que a Natália foi levada lá pra preencher um monte de formulários sem a presença de um maior de idade. Ela preencheu lá extensamente e depois já foi afastada dos tios.

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Gazeta – Como está a mobilização desde então? Vocês estão em contato com o Itamaraty?
Marcelo –  É só o que a gente tem feito. Mas eu não consigo nem falar com a menina, falei duas vezes, muito mais para acalmar ela. Eu já estou sete dias sem a menina. Eu não imagino a hipótese de entrar neste fim de semana de novo sem ela. E eu me pergunto: quem pode resolver isso? Eu quero saber, como brasileiro, quem pode resolver isso. Ela está sendo punida lá, então? Essa privação de liberdade foi uma sentença que deram de um erro que ela cometeu, que ninguém explica o que é e não tem um papel escrito? Ela não foi para os Estados Unidos para atravessar uma fronteira mexicana pra se dar bem na vida. É isso que as autoridades têm que colocar na cabeça. Não podem jogar a Natália numa vala comum. Eu acho que nenhum pai gostaria de estar na minha situação agora.

Itamaraty diz que acompanha o caso
Ao Portal Gaz a assessoria de comunicação do Itamaraty informou que acompanha o caso e presta a assistência consular cabível. No entanto, em atendimento à privacidade da menor, não pode fornecer informações adicionais sobre o assunto. Conforme o pai de Natália, ela já teria recebido a visita de alguém do Itamaraty no abrigo. Por enquanto, não há uma data oficial para que ela seja encaminhada de volta ao Brasil.

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