O luto é um processo. Embora a morte seja a única certeza da humanidade, lidar com ela provoca uma dor intensa, gera um sentimento de revolta e traz um vazio interno profundo. Porém, é importante apender a conviver com a ausência e a saudade, de modo a seguir em frente. Ao passar por essa situação, é importante viver cada fase do luto e encarar todos os sentimentos que fazem parte desse processo. Resistir e pular etapas pode fazer com que o sofrimento seja prolongado e gerar traumas emocionais. Por esse motivo, é importante vivenciar o luto, entregar-se à dor e chorar, colocando a tristeza para fora. Neste sentido, o projeto “Amor Eterno – Apoio ao Luto”, desenvolvido há quase um ano pela Organizações Rech, de Sobradinho, que já vem realizando reuniões mensais com grupos limitados, começará a desenvolver atividades com todas as pessoas que estiverem interessadas, de forma gratuita. O objetivo é reunir pessoas, de forma mensal e em formato de grupo, para que estas possam buscar alternativas e darem segmento às próprias vidas.
Segundo a coordenadora, a empresária Viviana Rech, a ideia é permitir que todos os participantes possam sentir, em seus corações, que as dores são transformadas em amor quando se presta força e amparo a outras pessoas que também passaram ou estão passando por momentos semelhantes. “Nosso grupo tem como missão o amparo entre todos. Cada um ao contar a sua história servirá de exemplo para aquele que está em uma situação parecida. Precisamos dar a mão a quem necessita e, também, recebermos a ajuda dos outros”, explica.
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Todos por todos
O grupo, que pode ser frequentado por qualquer interessado em ajudar e ser ajudado no processo de luto, tem a participação de pessoas que já viveram momentos extremos no passado, e que contarão suas experiências, além do apoio técnico da psicóloga Roberta Salvatti. O primeiro encontro será realizado no dia 6 de maio, às 18h30, na Sala da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes. “Convidamos a todos para que juntos possamos passar por situações difíceis. Cada um traz o seu conhecimento de vida, suas vivências e sua saudade para que consigamos tocar em frente. A força de um é a força de todos”, destaca Viviana.
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As fases do luto:
O processo de luto dá-se tanto em humanos como animais. Nos humanos o processo de luto é acompanhado por um conjunto de sentimentos, entre os quais: tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo, choque, anseio, torpor, alívio e emancipação. Refletindo-se em sintomas físicos de vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, falta de ar, falta de energia, boca seca entre outros.
O luto/perda normalmente passa por 5 fases:
A negação – Surge a primeira fase do luto, é no momento que nos parece impossível a perda, em que não somos capazes de acreditar. A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real.
A raiva – A raiva surge depois da negação. Mas mesmo assim, apesar da perda já consumada negamo-nos a acreditar. Pensamento de “ porque a mim?” surgem nesta fase, como também sentimentos de inveja e raiva. Nesta fase, qualquer palavra de conforto, parece-nos falsa, custando acreditar na sua veracidade.
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A negociação – A negociação, surge quando o individuo começa a por a hipótese da perda, e perante isso tenta negociar, a maioria das vezes com Deus, para que esta não seja verdade. As negociações com Deus, são sempre sob forma de promessas ou sacrifícios.
A depressão – A depressão surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Não há como escapar à perda, este sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dela, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.
A aceitação – Última fase do luto. Esta fase é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação. Nesta fase o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. Esta fase depende muito da capacidade da pessoa mudar a perspectiva e preencher o vazio.
As fases do luto, não possuem um tempo predefinido para acontecerem. Depende da perda e da pessoa. Porém sabe-se que a que leva mais tempo é da fase da depressão para a fase de aceitação, algumas pessoas levam décadas de vida e outras nunca conseguiram aceitar com serenidade a perda. Acontece principalmente no caso de perda de um filho.
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A importância do grupo
Segundo especialistas, o principal benefício oferecido pela terapia de grupo àqueles que se encontram em meio a um processo de luto é a oportunidade de “melhorar” ao compartilhar sua dor e suas experiências. A ausência física, a falta de contato, é uma das partes mais dolorosas do processo de luto. Ter um espaço para falar dessa pessoa tão querida, de tudo o que ela representa e como você se sente em relação ao vazio deixado é uma forma potente de reaprender a viver.
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O tamanho do grupo e a frequência dos encontros vai depender do profissional que esteja coordenando a iniciativa. Todos os participantes terão chance de falar de sua história, da existência ou não de um sentimento de culpa, de objetivos e vontades, daquelas pessoas que ajudam ou atrapalham a experiência do luto, dentre outros pontos importantes. Isso sim, discrição e respeito são indispensáveis a todos os participantes.
Fonte: Mundo Psicólogos