O Santuário de Schoenstatt, de Santa Cruz do Sul, vai reabrir para visitação na próxima terça-feira, 11, em seu endereço original, às margens da BR471. Contudo, a polêmica em torno do assunto está longe de acabar. A decisão provisória pela reabertura foi tomada mediante acordo, a partir de uma audiência na última quinta-feira, mediada pelo Ministério Público e com participação das partes envolvidas na polêmica – a Congregação Irmãs de Maria de Schoenstatt, que pretende deixar o terreno e reinaugurar o santuário no centro da cidade, e a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, que exige a manutenção da estrutura em seu local atual.
Com o fechamento forçado pelo início da pandemia, em março do ano passado, a instituição religiosa acelerou o processo de saída da área de 33 hectares nas margens da rodovia. A questão já era debatida internamente desde 2018, segundo as religiosas. O altar e a estátua do padre José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, foram transferidos para uma residência na Rua Thomaz Flores, no Centro.
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As irmãs alegam falta de segurança no lugar, que era habitado por apenas três religiosas. A intenção do Movimento Apostólico de Schoenstatt é vender o terreno, avaliado em cerca de R$ 1 milhão, e angariar fundos para erguer uma nova estrutura em área central. “A nossa posição permanece a mesma: queremos a troca do santuário para um local mais seguro, mais próximo das pessoas, que possam chegar a ele facilmente. Isso significa mais no centro da cidade”, disse a assessora de comunicação do Movimento Apostólico de Schoenstatt, irmã Rosequiel Fávero.
MP não descarta entrar com ação
Através de sua assessoria de comunicação, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul reiterou a posição de manter o santuário no lugar original. A prefeita Helena Hermany (PP), que participou da audiência no Ministério Público (MP), voltou a colocar à disposição a estrutura do Município para resolver o problema de insegurança das religiosas que residiam no local.
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No despacho protocolado pelo MP, ficou acordado que a Congregação Irmãs de Maria de Schoenstatt deve reabrir o espaço junto à BR-471 para manter a finalidade prevista em contrato, firmado em 1975 com a Prefeitura de Santa Cruz. No entanto, a missa realizada mensalmente em homenagem a Maria de Schoenstatt, todo dia 18, não deverá ocorrer no santuário, segundo informou ontem a congregação.
A partir do próximo dia 11, apenas o pátio estará disponível aos fiéis, os banheiros e o prédio do santuário, com uma imagem de Maria. A não realização da missa no local deve causar mais polêmica, já que o grupo de devotos contrário à mudança espera que a celebração religiosa marque a reabertura do ambiente. Pelo lado das Irmãs de Maria, a assessoria de imprensa da instituição afirmou que seria inviável realizar tal celebração apenas em um dia do mês, já que outras missas do tipo ocorrerão em outras paróquias da cidade no dia.
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A decisão sobre a permanência ou não do santuário na BR-471 ainda está indefinida. Segundo ressaltou ao final da última audiência o promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin, a congregação deve agora apresentar oficialmente sua proposta de realocar o santuário a outro terreno, para que a intenção seja avaliada pelas partes envolvidas.
“Se esgotadas as tentativas de acordo, o MP passará a cogitar demanda em ação civil pública, pelo entendimento de que a finalidade do espaço está suspensa neste momento, desde o fechamento, o que, em tese, contraria o dispositivo legal. Por parte do Município, conjetura-se eventual interesse em tombamento do espaço, a fim de que a finalidade, se não igual, ao menos seja similar à que hoje deveria ter”, afirmou Barin.
Atualmente, tramita um processo de tombamento do Santuário de Schoenstatt, protocolado no MP pelo Conselho Municipal de Turismo, o Comtur.
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