Estamos a um mês das eleições. Oportunas ou não neste momento de pandemia, elas vão acontecer e dentro de algumas semanas haveremos de nomear novos governantes e legisladores municipais. Os candidatos estão habilitados e já começamos a ouvir as propostas para o desenvolvimento dos municípios e o bem-estar das pessoas.
No calor da campanha, certamente também teremos falas de desconstrução contra uma e outra candidatura. Prefiro partir do pressuposto de que todos são bem-intencionados e desejo que não se reprovem por sua conduta.
Particularmente, não me fascino pela política partidária. Respeito quem milita em diferentes ideologias. Mas não me identifico com siglas, porque quase sempre se mostram tão voláteis quanto as circunstâncias e o jogo eleitoreiro. Já cansamos de ver arranjos políticos em que adversários históricos se abraçam nos palanques, se despem das diferenças e juram admiração recíproca. E assim seguem até a primeira desavença por conta de algum interesse ferido.
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De qualquer forma, temos que fazer escolhas. Permito-me sugerir algumas considerações que talvez sejam úteis na hora de definir o voto.
Em primeiríssimo lugar, desconfio de quem promete fazer “isso e aquilo” sem dizer como, por que e com que recursos.
No plano individual, temos projetos, ambições, sonhos que acalentamos. São o combustível para nos mantermos motivados. Trabalhamos, nos superamos, sacrificamos muitas coisas para alcançar as metas estabelecidas. Mas também temos consciência (ou deveríamos ter) de que na vida real não acontecem milagres. Por que haveria de enganar a mim e aos meus com objetivos sabidamente fora do meu alcance? Para ser infeliz, iludir e disseminar frustração ao meu redor? Não teria sentido.
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Na gestão pública responsável não deveria ser diferente. Lembre-se sempre: governantes – seja na esfera municipal, estadual ou federal – não têm máquina de fazer dinheiro. Se o empresário, pequeno ou grande, da cidade ou do campo, ou o prestador de serviço podem turbinar e até multiplicar suas receitas com inovação, ousadia, investimento e muito trabalho, o gestor público depende fundamentalmente do que a sociedade produz. E da capacidade de implementar boas políticas públicas e da sua competência para bem gerir os recursos que arrecada.
Fica, pois, uma segunda sugestão: não acredite em promessas mirabolantes. Use a sua experiência e o seu conhecimento e delibere se o que está sendo proposto é factível com os recursos disponíveis e razoável dentro das prioridades da sua comunidade.
E não menos importante: pense bem antes de confiar a chave do cofre do seu município a alguém. Além de valores indispensáveis como honestidade, ética, honradez e real comprometimento com as comunidades que os candidatos se propõem a governar, questione fatores como capacidade de liderança, visão sobre o futuro, preparo para exercer a função e, entre tantos outros, competência para administrar bem os recursos que você ajuda a produzir.
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Por fim, leitor, não sei quanto a você, mas quando alguém me declina prioridades genéricas, para o Executivo ou Legislativo, como saúde, educação, segurança, emprego – todas legítimas, como tantas outras –, sem especificar ações concretas e viabilidade financeira, começo a voltar os olhos para outras alternativas. Mesmo que em desuso, vale o simbolismo: assim como eu, você também não daria um cheque em branco a alguém. Seja quem for.
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