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DA TERRA E DA GENTE

A vocação de cada lugar

Há poucos dias, visitei irmão no Oeste de Santa Catarina, direção tomada seguidamente por muitos moradores locais que ali têm parentes que em outros tempos emigraram (eles mesmos ou seus antepassados) para essa região, em busca de terras para cultivar e outras oportunidades. Vale lembrar que a colonização dessa área, nas proximidades de Itapiranga, divisa com o Rio Grande do Sul, teve financiamento e impulso de cooperativa de crédito rural santa-cruzense (antiga Caixa Rural, hoje a centenária Sicredi do Vale do Rio Pardo) e atraiu bom número de interessados daqui a apostar nesta então nova fronteira.

Foi o caso da nossa família (pais com seus primeiros filhos), que depois voltaram para cuidar da família que permanecera; mas um deles, o mais velho, retomou esse rumo mais tarde e foi bem-sucedido no ramo em que investiu, iniciando com funilaria e serviços diversos, mas se firmando no comércio relacionado à construção. Nele, havia um foco que se aliaria ao seu sucesso: o surgimento de muitos aviários e chiqueirões, que, junto de tambos de leite e indústrias desses setores, formaram a base da economia da região, que se destaca e mostra vigor nessas atividades.

Tanto é que prosseguem os investimentos, auxiliados por um momento bastante favorável dos seus mercados, mas, sem dúvida, também pela vocação que a região mostra para tal, com um direcionamento histórico de seus recursos humanos e materiais a essa finalidade. Inclusive, a nova geração da família, além de outras aplicações, investe forte em aviários e, em especial, granjas de suínos, numa alocação inicial e substancial de R$ 11 milhões em unidades de criação de leitões.

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Nas lavouras, sobressaem por consequência as voltadas para alimentação desses animais, mas ainda se mantêm as de tabaco (em especial, o de galpão), que acompanhavam os colonizadores, mas abriram espaço às ligadas aos empreendimentos da pecuária familiar, que ali encontraram todo o ambiente necessário para crescer. Enquanto isso, aqui na terra de origem de muitos desses desbravadores, fortaleceu-se o negócio do tabaco, desde a lavoura introduzida na chegada dos primeiros colonos alemães até o seu beneficiamento, tornando-se o maior centro mundial na atividade.

Isso aconteceu por diversas razões, a começar por sua tradição e gradual aprimoramento, de tal modo que se consolidou como uma vocação do lugar, onde hoje, mesmo com restrições sofridas e eventuais outros contratempos, mantém o seu efetivo destaque e recebe investimentos na industrialização. Tal realidade leva a considerar que, a par do constante e salutar debate da diversificação, não se pode negar a relevância e inclusive solidez desse segmento, que, independente do que for acontecer no futuro, sempre deverá ter neste lugar um ponto de referência e ser alvo de especial atenção, pois faz parte de sua identidade, de suas melhores habilidades, enfim, de vocação construída na história. E vocação e história não podem ser deixadas de lado, mas, sim e sempre, precisam receber o maior respeito no presente, para vislumbrar o melhor futuro.

» Leia colunas anteriores do jornalista Benno Bernardo Kist

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