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Da terra e da gente

De conceitos que mudam

Seguindo ainda o tema das colunas iniciais, a música volta a aparecer sob a forma de acordeon, ou sanfona, ou gaita, como é mais conhecida em nosso meio. Pois, como ocorre com outros instrumentos e outras questões presentes na vida, ele foi rejeitado em certos ambientes mais elitizados no mundo em outras épocas, mas já há algum tempo conquistou espaços mais nobres, como os concertos. Isso foi lembrado pelo acordeonista Fernando Ávila em duas apresentações recentes feitas na cidade, junto com a Orquestra de Câmara da Unisc.

Em terra de bons acordeonistas, como é o caso atual de Lydio Frantz e foi o do saudoso Chiquinho do Acordeon (Romeu Seidel), santa-cruzense que fez sucesso nacional, e onde inclusive ocorrem encontros de gaiteiros, organizados pelo entusiasta Waldemar Quintana, isso soa bem aos ouvidos. Afinal, eis aqui um instrumento completo sobre o qual fica difícil de acreditar que algum dia não o quisessem num evento musical, a exemplo do que ocorreu com o violão, de tantos recursos, mas da mesma forma já alvo de rejeição em outros tempos.

Tudo isso leva a outras reflexões relacionadas ao preconceito que se forma em torno de um objeto, produto, forma de pensar e agir, onde a natureza humana é pródiga em pré-julgamentos imediatistas e sumários, com as tais certezas que inundam as cabeças e cortam outras. É o que se constata no decurso da nossa história, onde tanto já se condenou num período e se redimiu em outro, a mostrar que precisamos rever nossas  convicções e dar lugar a dúvidas, ou pelo menos a chances para ouvir argumentos favoráveis e contrários antes de enfáticas manifestações.

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Lembro alguns itens de consumo que em outros momentos eram atacados de frente por quem a princípio estaria bem instruído, mas acabaram recebendo novas luzes e conceitos, sobre suas qualidades e defeitos. Basta citar o ovo e a banha de porco, que de vilões passaram a ser considerados até guardiões da saúde. Há vários outros casos que a todo momento pipocam entre um extremo e outro, quando o mais recomendado, e com menor contraindicação, seja o caminho do meio, do bom-senso, do equilíbrio. Isso deveria valer também para o nosso polêmico tabaco, tão importante para a economia regional, mas que foi eleito o atual vilão maior, quando, no mínimo, deveria ter uma avaliação menos radical.

Se estendo o comentário às expressões de ódio e ataque que invadem o mundo atual, o posicionamento defendido parece fazer ainda mais sentido. Extremismos, idolatrias, certezas absolutas e indiscutíveis parecem não fazer bem a ninguém e, mesmo na defesa do bem, acabam fazendo mal. Não custa nada, pois, renovarmos nosso esforço e alerta para pensarmos bem antes de falar e agir. Acompanhado do som de uma gaita ou de um violão, fica ainda melhor!

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