Tenho um orgulho muito grande de ser descendente de imigrantes alemães. Para mim, foi um prêmio celestial ser filho de uma colona e de um comerciante. De um lado os Gessinger, comerciantes, músicos, mais minha avó paterna dos Klafke. Do lado materno, os Etges e os Schwengber. Tenho meu “Stammbaum” (árvore genealógica) que vai lá para o século 17.
Sempre falei a filhos e netos para honrarem nossas raízes, estabelecendo marcos como seriedade, pontualidade, correção, busca incessante e o quanto possível de erudição, vontade de trabalhar. Não é de graça que Santa Cruz é um expoente no Brasil. E isso é reconhecido nas mais diversas latitudes.
Quando me perguntam de onde sou e respondo, logo abrem-se um sorriso e uma torrente de elogios. Me indagam como explicar essa ilha de progresso que se destaca. A resposta é trabalho, trabalho e trabalho.
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Também me permito asseverar que em sua grande maioria os gestores públicos foram probos e tiveram boa visão.
Nossos imigrantes vieram para uma nova vida, longe das guerras. O bom é que não os acompanhava uma mentalidade escravocrata.
Nós, filhos de imigrantes, viemos para o Brasil e em especial para o Sul, para plantar um novo modo de viver.
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Semanas no mar, gente morrendo, mas pegamos a enxada e fomos firmes e fortes.
Nossa alemoada não tinha escravos aqui no Brasil. Pelo contrário: há inúmeros depoimentos de negros que falavam alemão.
Uso a palavra negro porque não sou covarde e sei respeitar esse povo sofrido.
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Na nossa casa em Santa Cruz tínhamos um empregado negro, o Casemiro, que trabalhava no armazém. E duas empregadas mulatas: a Eva (diarista) e a Dionda, que vinha fazer faxina. Elas sentavam à nossa mesa nos almoços em dias de semana.
Na nossa família e nos círculos que frequentei, nunca constatei desprezo ou menoscabo a quem não fosse de origem germânica.
A que se deveu esse progresso? Me convenci de que um triângulo foi vital: escola, igreja e união.
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Para Santa Cruz, buscando nova vida, vieram, depois da guerra, inúmeros profissionais, engenheiros, administradores, médicos.
Destaco meu amigo de juventude, meu querido Armin Anton Lederer, que veio com sua mãe e o pai adotivo, dr. Karl Budiner.
Quantos médicos benfeitores, quantos administradores estrangeiros vieram trazer empregos e renda! As empresas foram tudo de bom com sua fixação em Santa Cruz.
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Além de tudo, colégios que em nada perdiam para países de primeiro mundo.
Aí está também a Unisc, conhecida por sua excelência.
Um viva aos colonos!
(Na próxima: Witzel. Mais um juiz que se complicou na política.)