O mundo se curva diante da Covid-19 enquanto o Brasil se perde em suas pandemias convulsivas. O que será que estamos tentando provar? Estamos mesmo pensando no Brasil ou apenas tentando defender nossa opinião? Não importa de que lado você está, em quem votou e no que acredita, perdemos nosso senso de unidade, de decência e de amor pela pátria. É estarrecedora a forma como as pessoas se comportam frente aos desafios do momento. Segundo a filosofia Tolteca, um povo pré-colombiano que dominou o México, temos quatro grandes compromissos como cidadãos: fazer bom uso da palavra, não levar nada para o pessoal, não interpretar fatos a partir de nossos valores ou visões individuais, e oferecer ao mundo o melhor que pudermos de nós mesmos.
O isolamento amenizou nossa curva de mortos, goste você dele ou não. Se analisarmos os dados sem misturar assuntos políticos e emocionais, vemos que o resultado é incontestável. O que falta para compreendermos a gravidade do momento?
Nossos números são muito ruins e o cenário previsto continua assustador. Ainda não chegamos no primeiro pico e teremos a segunda onda certamente. Há estudos mostrando que a saída só é possível a partir de setembro e que a pandemia irá até 2022.
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O Brasil ainda não compreendeu sua real situação. Não estabilizaremos a economia nem saindo do isolamento. Não teremos como evitar o desemprego e o fechamento de algumas empresas, e é letal para o sistema de saúde voltar às ruas agora. A vida só será possível quando houver um remédio ou vacina, e o prazo estimado para isso não é curto. Todos que arriscaram pagaram um preço alto com vidas humanas.
Empresas e pessoas que se anteciparam às mudanças continuam produtivas no período de isolamento, e foram capazes de se adaptar rapidamente. Todos nós somos criativos. Não há como prever como será nem o que é o novo normal, porque a partir de um ponto de desequilíbrio não é possível projetar nada sustentável ou consistente.
A sociedade vive um colapso existencial, a tecnologia nos ajudará, a economia mudará radicalmente nos próximos dois anos, a política terá que mudar suas premissas de poder e o meio ambiente, agradece e descansa.
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A energia do conflito, da raiva e da polarização baixa nossa imunidade, e a Covid-19 não poderia ter nada mais interessante neste momento: mais espaço para fazer seu estrago. Tenhamos decência e que sejamos capazes de silenciar um pouco, respeitar as recomendaçãoes de uso de máscara e de ficar em casa, tendo menos surtos psicóticos. Ninguém tem razão, e nossa opinião não é tão importante assim. Ainda dá tempo de salvar vidas, e a economia, infelizmente será retomada depois.