Já tenho programação para este fim de semana: instalar pisca-piscas no imenso cipreste da frente de casa, correndo risco de tomar um choque ou de despencar da escada. Trata-se de uma exigência da nossa caçula, Ágatha, de 5 anos. Segundo ela, a nossa é praticamente a única casa do bairro que ainda não tem luzes de Natal.
– É uma vergonha. Caminhamos pela rua e vemos todas as casas lindas, com luzes piscando, com papais noéis e renas. Menos a nossa –, argumentou. – Se colocássemos uns piscas nas árvores, o Papai Noel iria adorar. E então ela engrossou a voz para imitar o bom velhinho – “Hô, hô, hô, acho que vou até me mudar para cá.”
Não fosse a insistência da caçula, talvez nem colocássemos luzes. O corre-corre típico do fim de ano – não apenas na questão das compras, mas em relação às exigências que surgem nesta época do ano na maioria das atividades profissionais – relega para segundo plano o simbolismo da data, e o próprio espírito de Natal acaba ameaçado.
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Mas por outro lado, talvez o espírito de Natal não se revele apenas nas luzes e nas árvores decoradas. Creio que ele está presente nas ações solidárias que, mesmo com o corre-corre, ganham fôlego nesse período. Nos últimos dias tomei conhecimento de várias, ao editar reportagens sobre o tema aqui na Gazeta. Aliás, nesta edição as matérias das páginas 18 e 19 dão dicas de como você também pode colaborar.
Uma iniciativa que me marcou foi a dos alunos da Escola Frederico Kops, de Sinimbu, que foi até foto de capa no outro sábado. A moçada criou uma oficina na escola e se puxou na produção de brinquedos artesanais para crianças carentes. Isso em meio à série de exigências que norteiam quem passa por essa fase fantástica da vida – as notas de fim de ano, a iminência do vestibular, o futebol com os amigos, o primeiro amor. Parabéns, garotada e professores, pela iniciativa e pela lição de cidadania.
Em Santa Cruz também temos, dentre tantas ações voluntárias, o esforço do grupo de senhoras que, meses antes do Natal, já começa a produzir enfeites com recicláveis. Esse é, de fato, um caso onde podemos sentir o espírito natalino emergindo da decoração, produzida com esforço, capricho, doação, amor e respeito ao meio ambiente.
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Tentarei seguir esses exemplos neste fim de semana, na desafiadora missão de instalar os piscas. Essa, aliás, nem será a parte mais difícil. O mais complicado será arrumar a neve.
– Pai, no Natal cai neve.
– Mas Ágatha… aqui é Brasil… é verão…
– Pai, não olha tevê? No Natal cai neve. Afinal… o Natal é mágico…
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