Se justiça for feita, os santa-cruzenses serão gratos a Telmo Kirst durante muitos anos. Em quase cinco décadas de vida pública, diversas realizações que têm as suas digitais serviriam para ratificar essa afirmação. Mas podemos nos deter somente em uma: o Lago Dourado.
Talvez falte a alguns setores da comunidade a compreensão do que representou essa monumental obra pública, inaugurada há 20 anos. A pandemia nos castigou tanto nos últimos meses que já esquecemos que entramos em 2020 sob a estiagem mais severa da história, que levou uma porção de localidades do Estado a adotar racionamento e contabilizar prejuízos econômicos profundos. Não fosse o Lago Dourado, Santa Cruz certamente teria seguido o mesmo caminho.
Sabe-se que Normélio Boettcher foi o primeiro a falar na implantação de um reservatório artificial de água para garantir o abastecimento do município em períodos de crise hídrica. Coube a Telmo, porém, transformar a ideia em realidade, durante sua passagem pelo governo estadual na gestão Britto. Logo em 2005, quando outra seca de proporções catastróficas assolou o Rio Grande do Sul, o investimento provou a sua necessidade e urgência.
Publicidade
Impossível negar, portanto, que o Lago Dourado é uma das obras mais importantes já realizadas na região, fundamental para a sustentabilidade econômica e qualidade de vida que, volta e meia, fazem Santa Cruz ser destaque nacional. Telmo teve essa visão e sua articulação e empenho foram decisivos.
Diga-se de passagem, em um país onde a burocracia e o gigantismo tornam a máquina pública lenta e pouco eficiente e a má gestão crônica leva ao caos financeiro, não é pouco que o legado deixado por Telmo seja associado a projetos de grande porte e a uma política fiscal que manteve as contas da Prefeitura em dia mesmo em meio a uma recessão econômica sem precedentes. Telmo entregou muito, da ajuda na construção da Unisc à negociação que deu fim à dívida da AES Sul, das pavimentações de algumas das principais rodovias da região aos asfaltamentos de alguns dos principais corredores das ruas centrais de Santa Cruz, das transformações do Hospitalzinho e do Cemai à rótula no Trevo do Bom Jesus, da revitalização do Acesso Grasel aos inconclusos mas promissores calçadão da Floriano e restaurante da Cruz.
Mas antes de tudo, Telmo fez o Lago Dourado. E só por conta disso, seremos seus devedores por muitas gerações.
Publicidade
LEIA MAIS: FOTOS E VÍDEO: sob aplausos, Telmo Kirst é enterrado em Santa Cruz