Uma amostra da guerra a ser travada nas redes sociais aconteceu no fim da semana. A morte brutal da vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro, suscitou uma enxurrada de mensagens de todas as matizes ideológicas, antecipando o festival de fake news, uma realidade em todo o mundo.
A troca de acusações nem tão veladas, falando da vida pregressa da vereadora, provocou inúmeras reações. Os defensores da política acusavam “a direita conservadora” de tentar denegrir uma mulher negra, da favela, eleita com quase 50 mil votos para a Câmara Municipal. De outra banda, episódios considerados desabonatórios invadiram principalmente o WhatsApp de gente de todo o Brasil, tentando desmontar a imagem da vereadora fartamente veiculada pela Rede Globo.
O uso do bom-senso e a possibilidade que as próprias redes sociais oferecem para checar a veracidade dos conteúdos são armas que deveriam guiar corações e mentes. Mas todos sabemos, de antemão, que todos nós temos opinião pré-concebida sobre qualquer assunto. É inato ao ser humano reagir diante de nomes, lugares ou situações, deixando de usar a lógica para fazer julgamentos.
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Semana passada participei de aula magna dos cursos de Comunicação de uma tradicional universidade de Porto Alegre. O tema era a comunicação na era das redes sociais/resultados eleitorais. Um especialista em redes sociais e um publicitário completaram a trinca de debatedores, o que rendeu um papo enriquecedor. Em minha manifestação admiti, como não poderia ser diferente, a onipresença das fake news, um fenômeno nem tão recente.
Adverti, no entanto, que as mesmas ferramentas digitais permitem checar a veracidade das notícias. Qualquer mensagem pode ser conferida em sites, blogs e canais de notícias.
Resta a nós, eleitores e contribuintes, manter a vigilância, duvidar sempre, confrontar e denunciar falsidades. Não é tarefa fácil, mas faço isso com frequência ao receber mensagem via WhatsApp cuja data de publicação varia de dois a seis anos passados. Às vezes não há maldade por parte do emissor. Pesquisa recente mostrou que mais de 60% dos que compartilham conteúdos sequer leem o lead (início) da notícia. Hipnotizados pela manchete, disparam inverdades para numerosos grupos, fazendo proliferar as fake news que serão companheiras até o pleito de outubro. E depois da eleição também.
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Muitas biografias serão destruídas até lá. Se impõe adotar critérios antes de multiplicar mensagens que, à primeira vista, parecem bombásticas. O bom-senso, como sempre, está no equilíbrio.