A mais recente pesquisa à Presidência da República trouxe poucas novidades em relação aos levantamentos anteriores. A polarização Lula–Bolsonaro é reflexo do que se vê e ouve nas ruas. Política é sempre tema polêmico, ainda mais em tempos de Operação Lava Jato, em que esta atividade é demonizada. Muitos, porém, esquecem que foi por meio da atividade política que nos livramos da ditadura e conquistou-se a democracia.
Sob o risco de “corneta” geral, vou colocar a colher torta no assunto. O resultado de todo o processo democrático – sempre! – deve ser acatado. A cada final de eleição é comum ouvir-se lamentos de quem perdeu, mas o eleitor é soberano, sua escolha é indiscutível e é fundamental respeitar o que as urnas determinaram.
A trajetória do ex-presidente Lula é invejável. É um homem que nasceu num pedaço sofrido do Brasil. Veio para o “Sul maravilha”, onde venceu como sindicalista. A conquista e o exercício do poder são inebriantes. É comum perder as referências éticas. Preceitos da boa governança dão lugar a interesses pessoais e financeiros.
Este desvirtuamento é evidente nos depoimentos de dezenas de ex-companheiros de Lula que, presos e pressionados, narram episódios lamentáveis com riqueza de detalhes. É inimaginável pensar num movimento conspiratório de tamanha complexidade, envolvendo tanta gente para engendrar uma ficção recheada com tantas minúcias.
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Jair Bolsonaro suscita medo. Medo porque aprendi, com meu falecido pai, que o bom-senso está no equilíbrio, jamais nos extremos. Invocar uma pretensa segurança absoluta dos tempos da ditadura é subestimar a inteligência e a história. Sabemos que na ditadura militar todas as notícias eram analisadas antes de chegarem ao público. A censura varreu inúmeros artistas, jornalistas, políticos e líderes emergentes do cenário nacional. Emburreceu o País.
A polarização que a pesquisa do Ibope aponta é lamentável sob diversos aspectos. Condenar políticos na inquisição das redes sociais é esporte nacional, mas a cada novo escândalo pergunto: será que o lamentável personagem brotou em algum gramado de Brasília ou Porto Alegre ou foi eleito por nós, que apontamos o dedo para quem desviou bilhões por anos a fio?
Ao apertar a tecla “confirma” da urna eletrônica em 2018 um exame de consciência se impõe. Jogar pedras é fácil. Difícil, de verdade, é votar bem.
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