A cada transcrição dos surrealistas diálogos dos “empresários” da JBS cresce a indignação dos que possuem um mínimo de senso ético. Essa cloaca em que se transformou o noticiário político é uma fase que, no futuro, talvez, será benéfica para o País.
É notório que a propina é moeda corrente em Brasília. Não precisa ser prefeito ou vereador para saber que os recursos da União sempre chegam reduzidos a seu destino. Os ralos do caminho são encarados com normalidade. Quem reclamar ou denunciar é proscrito na distribuição de auxílios, fundamentais para manter saúde, educação e políticas sociais.
A generalização de que “todo político é ladrão” faz parte do imaginário popular. É óbvio que, como em toda a atividade, existem pessoas honestas, íntegras. O clientelismo estimulado pelos eleitores também deve ser destacado. Candidato que não abrir a mão corre riscos porque a quantidade de pedidos – de dinheiro em espécie a ternos de camiseta, bolas de futebol, rifas, ajuda para compra de medicamentos e de passagens, por exemplo –são abundantes.
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Não precisamos de líderes messiânicos, salvadores da pátria, mas de convergência em favor da salvação do País. O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, concedeu uma entrevista que primou pelo equilíbrio, sobriedade e compromisso com o Brasil, domingo à noite, no programa Canal Livre, da Band TV.
FHC defende a possibilidade de candidaturas autônomas, fora dos partidos, como acontece em outros países. Considera fulcral a discussão em torno do voto obrigatório, além de uma séria reflexão sobre o momento em que o aumento da produção, o avanço da automação e o consequente desemprego criam um novo cenário mundial.
Talvez a Lava Jato e o episódio JBS inaugurem uma nova era na política. Veremos isso nas eleições de 2018. Será que haverá uma renovação tão grande como parece? As formas de financiamento irão desafiar os coordenadores de campanha.
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Paralelamente às mudanças éticas na políticas deve ocorrer uma alteração de postura dos eleitores. Eles deverão estabelecer novos critérios de escolha, abandonando a valorização apenas do companheirismo, da indicação de terceiros ou a partir de suas conveniências. Sem romper com o hábito de “furar a fila” e obter vantagem em tudo, jamais forjaremos um novo Brasil.