O comprometimento pessoal com a política se caracteriza por dois modos e aspectos de conduta. Há os praticantes com vocação profissional e de perspectiva realista e material. E há os idealistas e utópicos.
Os políticos “profissionais” são focados na relação utilitarista da prática política. Isto é, não desviam o foco, não tergiversam sobre o que é possível obter dessa relação em proveito próprio.
Em geral, não se comprometem, mas, sim, aproveitam-se da relação idealizada e “apaixonada” de outros para garantir e viabilizar seus próprios projetos de poder.
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Tocante ao comportamento de idealistas e utópicos, há na política, assim como no amor, um obscurecimento e uma incapacidade de análise e autocrítica.
Comumente, quando em xeque o comportamento e as alegadas virtudes de seu líder, ou, inclusive, a razoabilidade de sua própria idealização, tais apaixonados beiram à ira e um ataque de nervos quando contestados, desacreditados, ou mesmo vulgarizados por outrem.
O que é compreensível, haja vista que a sua dedicação temporal de fidelidade e afeição vem a revelar-se ingênua e inócua diante da realidade. Notadamente, quando seu “objeto amoroso” recai em fraquezas éticas e circunstâncias ilegais.
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Consequentemente, sente-se idiotizado e traído, embora permaneça inconfesso e defensivo. Afinal, entre aceitar os visíveis defeitos e a falácia de sua “idealização”, prefere ficar com o orgulho, a mitificação e as virtudes fictícias que o seu imaginário construíra.
Qualquer semelhança com o comportamento agressivo e ressentido de alguns “apaixonados” nas redes sociais não é mera coincidência.
O negacionismo, refrão político do momento, já prosperara entre nós muito antes da pandemia. Senão, como explicar o histórico sucesso eleitoral de demagogos, corruptos e assemelhados?
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Logo, na política, como no amor, superar e sepultar as desilusões é uma tarefa inadiável, ainda que complexa e dolorosa. Quanto mais eficaz o ato de superação, mais cedo advirão renovados desejos e utopias. Vida que segue.
Afinal, como diria o francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), “sempre há outra chance, uma outra amizade, um outro amor. Para todo fim, um recomeço!”
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