Seja por falta de opções condizentes com seu nível de inserção social e suas prováveis limitações financeiras, principalmente, resulta que o brasileiro, em sua maioria, tem na programação televisiva sua mais expressiva opção de lazer.
Mais: considerada sua baixa escolaridade e limitada consciência político-cultural, resta potencializada a respectiva audiência. Simplificando, é presa fácil e refém da banalização.
Neste momento, está no ar mais um Big Brother Brasil, o BBB 21, acredite!, um recordista mundial em longevidade da respectiva franquia. O BBB 20, por exemplo, recebeu uma premiação do Guiness World Records por haver alcançado a marca de 1,5 bilhão de votos em determinado “paredão”.
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Há programas similares em outros canais. Em comum, seus diretores e respectivos anunciantes pouco se importam se alguém interpreta tais programas como casos de abuso e atraso social, e/ ou vulgarização e comércio do corpo e da sexualidade.
A cada edição sucedem-se os escândalos, às vezes objeto de ocorrências policiais e demandas judiciais. Sem contar os efeitos colaterais das aventuras sob os edredons.
É interminável a passarela de seios e bundas femininas e atléticos corpos masculinos, sejam siliconados e anabolizados ou não. Em programas mais antigos, tínhamos “celebridades” femininas que atendiam pelo nome de frutas. Lembra? Mulheres-melancia, moranguinho, jaca, berinjela, maçã e outras mais. “Das gôndolas” para as revistas e os programas de televisão. E para muito além da “dança da garrafa”.
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Podemos divergir da programação por vários motivos, mas temos que admitir que há elevada audiência. Que repercute no mundo socioeconômico-cultural. Alguns participantes são (ou se autointitulam) o que modernamente denominam de digital influencer, ou seja, um formador de opinião.
A seu modo, ritmo e estilo, cada um faz o rebolation de suas razões existenciais, ideais artísticos e seus planos de carreira. Em comum, muito hormônio e pouco neurônio. Porém, atendendo a “onda do politicamente correto”, há diversidade de tipos.
Aliás, a propósito de BBB e programas similares, me ocorre a imagem de uma fictícia vovozinha na sala de estar, em frente à televisão, cercada de parentes e vizinhos, torcendo e vibrando com o desempenho da neta participante.
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Irônica e contraditoriamente, ainda “ontem”, nas edições anteriores do BBB, d’A Fazenda, de Lucianas, Gugus e Ratinhos, a mesma vovó, os mesmos mamãe e papai, os mesmos vizinhos, comentavam em sonora e indignada voz acerca da “pouca vergonha alheia!”
Mas agora, exceção à regra, trata-se da possibilidade de fama e sucesso, ainda que obscurecendo a antes decantada educação familiar e o senso de pudor. Em suma, toda a nudez (e desfaçatez) não será mais castigada.
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