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CONTRAPONTO

Militares e Gilmar Mendes

Desde a posse do governo Bolsonaro, há (quase) consenso acerca da inadequação e provável desgaste institucional relativamente a excessiva participação de militares ativos e inativos na sua composição.

Ainda que compreensível recrutamento, eis que presidente advindo do meio, não esqueçamos, todavia, que as Forças Armadas representam reserva e poder permanentes de Estado. Não é recomendável sua associação a governos, estes transitórios e ideologicamente comprometidos.

Com a permanência da pandemia, a sucessão de maus exemplos sanitários do presidente, e o vai-vem na titularidade do Ministério da Saúde, agora “militarizado”, aquelas críticas iniciais e as circunstâncias atuais se agravaram.

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Dito isso, é possível extrair um alerta na fala de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Entretanto, não bastasse o dever da liturgia do cargo que ocupa, porém, escravo de sua típica arrogância e voluntarismo, Gilmar Mendes extrapolou, misturando termos e significações de modo ofensivo e inoportuno.

Guerrilha e hermenêutica

Pandemia. Genocídio. Cloroquina. Amazônia. Desmatamento. Queimadas voluntárias e sazonais. Forças Armadas. Militares. Ministros do STF. Gilmar Mendes.

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Cada palavra destas, por exemplo, tem uma significação própria e semanticamente incontestável. Entretanto, se voce é um combatente político-ideológico, de um lado ou de outro, principalmente no atual e divisionista momento, mais focado no resultado que seu grupo deseja, e não comprometido com o (repito) significado das palavras, voce pode embaralhar tudo e fazer o uso que quiser, de modo responsável ou irresponsável, oportuno ou inoportuno, ofensivo ou comportado.

Mas, sugestão, em exercício de modéstia e respeito com a inteligência alheia, se capaz, não acredite que vá impressionar e convencer muitas pessoas além do seu “rebanho”, ops (desculpa pelo modismo da hora), sua turma!

Vírus e arrogância

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Quando pessoas socialmente relevantes e inteligentes perdem o senso de oportunidade e humor, e/ou exercitam sua imaginação semântica para além do que é dito, às vezes em indisfarçavel defesa da própria contradição comportamental e filosófica, e rompem a linha da delicadeza, da serenidade e do entendimento coletivo, percebe-se a dimensão da “doença social” que nos acometeu.

Conclusão: além de proteção e cuidados com o vírus pandêmico, as circunstâncias exigem tolerância e paciência de todos e entre todos, mas sobretudo autocrítica e modéstia dos soberbos provocadores.

De qualquer modo, definitivamente, e para nosso bem-estar coletivo, dependemos urgentemente de vacina contra o vírus e contra a arrogância.

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