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Contra ponto

Política e o vir-a-ser

O direito à reeleição dos governantes é um assunto que suscita variadas defesas e contestações. Teoricamente, procede a tese de defesa da continuidade administrativa e o direito do governante ter sua administração referendada (ou não) pelos cidadãos.

Uma gestão também pode ser aprovada (e reeleita) por meio da eleição de um dos seus membros administradores ou partidários, sem ser o atual governante, assim evitando o risco e excesso personalista.

Entretanto, em apoio aos contestadores do direito à reeleição, não podemos ignorar a realidade. Aberta a possibilidade da reeleição, não é à toa que são, e foram, inevitáveis e crescentes os escândalos político-econômicos.

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Também como argumento contrário, devemos considerar os habituais e ruins níveis de gerência e eficácia dos negócios públicos e a quase completa ausência de fiscalização popular.

Ineficaz também é a atuação das câmaras de vereadores, das assembleias legislativas e do Congresso Nacional, poderes de atividades mansas, subservientes e de pouco exercício essencial. Ou seja, naquilo que lhes é e deveria ser essencial: a fiscalização do Poder Executivo.       

Consequentemente, o que tivemos e teremos, nestas circunstâncias, é uma explosão de gastos públicos, endividamento e um aviltamento do processo eleitoral, desigual em todos os sentidos.

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Mais: inversão de prioridades públicas e gestão marcada pelo fisiologismo, o clientelismo e o interesse eleitoral do governante, preocupado unicamente com sua reeleição.

Pode-se agregar a estes temores mais um aspecto fundamental. Diz respeito à imprensa – aos tradicionais meios de comunicação, que recebem muito dinheiro de órgãos públicos.

Inevitavelmente, interferirão indiretamente no processo eleitoral tendendo a comunicar “as boas novas administrativas e o ótimo desempenho do prefeito, do governador, do presidente…”, em paralelo ao processo eleitoral e à margem da equidade desejada pela legislação eleitoral.

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Logo, contraditoriamente aos esforços de controle da inflação, redução do deficit orçamentário, adequação dos gastos públicos, os candidatos à reeleição colaboram para o agravamento do desequilíbrio das contas públicas.

Em outros termos, dando lugar à compreensão acerca das fraquezas humanas e das vocações autoritárias dos grupelhos políticos, conclui-se que é da natureza dos políticos seu agudo instinto de sobrevivência.

Se necessário, mudam o comportamento, esquecem as promessas, abandonam companheiros, alteram as regras e o que mais necessário for. Afinal, um político raramente é o que tem sido, ou é o que foi ontem, mas é o que pode vir a ser!

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