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Contra ponto

Cavalo de pau

De longa data e experiência sabe-se que a maioria do povo brasileiro não tem boa memória política. E que pouco/nada lê e que não sabe de “nada”. À exceção, lógico, de telenovelas, futebol e postagens em redes sociais.

Aliás, a mesma maioria domina pouquíssimas palavras do vocabulário. Sem esquecer os milhares de analfabetos. Logo, conhecimento básico e comunicação razoável restam prejudicados e desqualificados.

Se a ignorância e a estupidez predominam (e passíveis de confusão e manipulação), pergunto, como será possível promovermos a cultura da tolerância, da compreensão e uma “virada” estrutural na nossa insana realidade?

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Exemplarmente, faz tempo que vários países, até então em descompasso social e econômico, promoveram radicais e progressistas mudanças.

Na última década, sobretudo, o mundo vivencia uma grande virada existencial, cultural e social. E não é apenas por causa da crescente e definitiva emancipação feminina e da tecnologia digital, entre outros avanços e inovações.
Ainda que bastante desigual entre as nações, no campo socioeconômico a humanidade experimentou transformações gigantescas e positivas.

É verdade que recrudesceram a xenofobia e o fundamentalismo religioso. Ainda que doloroso comportamento, é humanamente compreensível. Eis que natural reação ao obsoletismo das fronteiras nacionais e a intensificação das migrações. Reativamente, o radicalismo como ação política deve-se mais ao exercício do espetáculo, aos excessos na guerrilha digital e, obviamente, a banalização das relações humanas.

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Com “tudo isto” acontecendo mundo afora, o que nós estamos fazendo – internamente – para promover a tolerância, a compreensão e uma virada comportamental positiva?

O que nos impede de organizar e definir uma agenda  de desenvolvimento nacional, integrada, continuada e sustentável? E de compreender a emergência/urgência das mudanças estruturais nas relações de trabalho e previdência, por exemplo, ainda que tema complexo?

Afinal, basta observar o que está acontecendo em termos de longevidade e transformações dos modelos tradicionais de produção, trabalho e relações sociais.

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Não é à toa que o atual século é chamado de “século da vertigem”, da aceleração do tempo histórico e da “aldeia global”.
Se a dúvida acerca de comportamentos e reações inevitáveis é perdoável ao homem comum e de poucas “letras e luzes”, repito, não é aceitável, porém, que cidadãos esclarecidos mantenham-se conscientemente algemados aos grilhões do passado. Usando um jargão automobilístico, precisamos dar “um cavalo de pau”!

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