A história da humanidade é repleta de episódios que registram êxodos e movimentações massivas de povos, tribos, famílias e indivíduos. A motivação básica é sempre a mesma. Uma ameaça e dificuldade real em sobreviver.
A sobrevivência e convivência humana podem ser fragilizadas e inviabilizadas por ameaças, conflitos e diferenças políticas, ideológicas, étnicas, religiosas, culturais, ambientais, mas, principal e ultimamente, por razões econômicas.
Em todos os países, em alguns menos, na maioria mais, o desemprego é uma realidade insuperável. Trata-se de um fato que obrigará todos os povos e pessoas a repensar seus planos, objetivos, métodos e meios de sobrevivência.
As relações de produção, trabalho e emprego sofrerão graves e permanentes transformações. Governos deverão desenvolver planos consistentes de garantias coletivas e individuais. Novas alternativas de atividades, convivência e subsistência. Ações para muito além dos tradicionais discursos político-eleitorais de atração de empresas e geração de empregos.
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Compreendida esta circunstância (ameaça à sobrevivência), não há surpresas com os intensos movimentos migratórios que assistimos, a exemplo dos mais recentes, como norte-africanos, haitianos, venezuelanos, hondurenhos, entre outros.
A mesma razão em sobreviver que obriga um a se movimentar mundo afora provoca, entretanto, a reação de outro que será impactado pelos visitantes na estabilidade de seu habitat. Mas, em verdade, essa estabilidade já não existe em lugar nenhum. Dito de outro modo, todos se sentem ameaçados pelo “mundo novo”. Aliás, esse sentimento tem se refletido nos resultados eleitorais em quase todos os países. Um crescimento do nacionalismo e da defesa de políticas antimigração.
Em outros artigos, caracterizei essas reações como atos de xenofobia. Mas hoje, e observando as circunstâncias e reações que proliferam, não usaria novamente esse termo. Acredito que o mais adequado seria afirmar que estamos diante de um fenômeno que trata basicamente do sentimento de sobrevivência humana. De parte a parte. Então, assim como no passado houve tentativas de acabar com as guerras, através da criação de colegiados como a Liga das Nações e a própria ONU, ambas fracassadas, é chegada a hora de um novo esforço humanitário mundial.
O movimento urgente e coletivo deverá ser em torno de soluções de acolhimento, abrigo, trabalho, moradia e alimentação. Deliberações colegiadas e contribuições compartilhadas que tanto garantam esperança aos migrantes quanto garantias aos hospedeiros. Se as guerras têm suas próprias justificativas e explicações, em tempos de paz não haverá desculpas para negar casa, água e pão ao semelhante!
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