Em janeiro, escrevemos duas colunas lembrando do telecatch, programa de luta-livre que fez sucesso nas décadas de 60 e 70 na televisão. Os embates eram uma encenação, mas ninguém perdia o show.
Um dos lutadores mais admirados era o misterioso Fantomas, o Justiceiro Negro. Ele era do bem, vestia roupa preta com detalhes brancos, capa e ocultava o rosto com uma máscara. Não dobrava um dos joelhos e ninguém o derrubava.
O personagem, criado em São Paulo na década de 1960, foi interpretado por diversos lutadores, pois a máscara permitia a troca. Mas para encarnar o herói, era preciso autorização do detentor do nome e se comprometer a não usar golpes baixos. Os intérpretes faziam um pacto de silêncio e não revelavam sua identidade.
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No Ringue Doze (na antiga TV Gaúcha, hoje RBS), Fantomas também lutava. No Estado, por muito tempo, o Justiceiro foi encarnado pelo militar Propício Gazzana da Silva, natural de Caxias do Sul.
O santa-cruzense Renê Krueger, que é militar da reserva, foi colega de farda de Propício no 3º Batalhão de Polícia do Exército (PE), em Porto Alegre. Segundo ele, ninguém conhecia o segredo do amigo.
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Propício era instrutor de artes marciais e um dos fundadores da Cia. de Escolta e Guarda. Foi chefe de segurança do ex-governador Euclides Triches e segurança do ex-presidente Emílio Médici.
Krueger lembra que o sargento Propício era um colega exemplar e amigo de todos, sempre pronto a ajudar. Quando faleceu, em 2006, é que sua identidade de lutador foi revelada publicamente. Por anos, nem a família sabia que ele era o Fantomas.
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