A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que comandou o país por várias crises globais como sua primeira líder mulher, disse neste domingo que buscará um quarto mandato como chanceler nas eleições gerais do próximo ano. Mais cedo, a agência de notícias alemã DPA havia antecipado a candidatura de Merkel, citando fontes de seu partido.
“Eu literalmente pensei sobre essa decisão sem parar… Mas estou pronta para concorrer novamente”, disse Merkel a repórteres depois de se reunir com membros de alto escalão do seu partido União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita. “Quero servir à Alemanha”. Merkel disse que espera fortes desafios tanto de partidos à esquerda como de siglas mais à direita, porque a Alemanha se tornou mais polarizada. “Esta eleição será difícil – como nenhuma outra eleição desde a reunificação” das Alemanhas Ocidental e Oriental em 1990, disse Merkel.
A chanceler de 62 anos afirmou que também vai concorrer à reeleição como presidente do partido na convenção nacional do CDU no próximo mês. Ela não enfrenta nenhuma grande oposição dentro da sigla.
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Física por formação, Merkel tornou-se chanceler em 2005. É a primeira líder da Alemanha reunificada a ter crescido sob o comunismo na antiga Alemanha Oriental. Se ela vencer no próximo ano e completar novo mandato de quatro anos, Merkel vai se equiparar ao seu mentor, Helmut Kohl, que ficou 16 anos no cargo.
Cerca de 60% dos alemães entrevistados em uma pesquisa recente disseram querer que Merkel voltasse a concorrer ao cargo, disse Manfred Guellner, chefe da empresa de pesquisas Forsa. “Nestes tempos difíceis, Merkel é um pilar de estabilidade”, disse Guellner. “As pessoas têm a sensação de que ela representa bem os interesses alemães no exterior.”
Embora nunca tenha sido descrita como visionária ou recebido elogios por seus discursos, Merkel conquistou o respeito por ser dura, perspicaz e obstinada na resolução de problemas. Desde que se tornou chanceler, ela lidou com várias crises internacionais, incluindo a crise da dívida da zona do euro em 2008-09, na qual negociou compromissos entre os líderes da União Europeia. Ela tem sido forte defensora dos esforços para combater a mudança climática e, em 2011, acelerou abruptamente o encerramento das centrais nucleares da Alemanha após os problemas em Fukushima, no Japão.
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Os desafios diplomáticos não resolvidos para um próximo mandato incluem o relacionamento da Europa com a Rússia, o futuro da Ucrânia, os desenvolvimentos autocráticos na Turquia, a guerra na Síria e as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Merkel também precisa se preparar para a onda populista que varre Estados Unidos e Europa, já que as eleições do próximo ano podem colocar um político de extrema direita na Presidência da França.
Internamente, o partido nacionalista Alterativa para a Alemanha, ou AfD, poderia revelar-se um dos maiores obstáculos à sua reeleição. O partido, agora representado em 10 parlamentos estaduais, tem feito uma campanha agressiva contra a decisão de Merkel de acolher um número estimado de 890 mil migrantes na Alemanha no ano passado.
Nas eleições no Estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental neste ano, a sigla de Merkel chegou em terceiro atrás da Aliança para a Alemanha. De acordo com pesquisas recentes, o AfD ganharia cerca de 10% dos votos se as eleições gerais fossem realizadas agora.
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Ainda não foi estabelecida uma data para o pleito, mas ele ocorrerá em algum momento entre 23 de agosto e 22 de outubro do próximo ano. Fonte: Associated Press.