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Crise migratória e atentados terroristas marcam cenário internacional em 2015

O ano de 2015 foi marcado pela crise dos refugiados, considerada a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estima que o número de pessoas deslocadas no mundo deve ser recorde em 2015 e ultrapassar os 60 milhões.

Os conflitos, na Síria, entre o governo do presidente Bashar Al Assad e grupos extremistas como o Estado Islâmico foram um dos principais responsáveis pelo recorde de refugiados e deslocados internos no mundo este ano.

De acordo com o Acnur, o número de refugiados no mundo aumentou 45% desde 2011. Os países da África Subsaariana acolhem a maioria dos refugiados (4,1 milhões), seguidos da Ásia e do Pacífico (3,8 milhões), da Europa (3,5 milhões), do Oriente Médio e da África do Norte (3 milhões). Um total de 753 mil refugiados vive no Continente Americano.

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A imagem do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, morto em uma praia da Turquia fez com que a crise migratória ganhasse maior repercussão internacional. Ele, o irmão de 5 anos, a mãe e outros refugiados morreram afogados ao tentar alcançar a ilha grega de Kos e entrar na Europa.

Desde janeiro, 1 milhão de imigrantes chegaram à Europa, a maioria pelo Mediterrâneo, anunciaram a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Acnur no dia 22 de dezembro.

Atentados

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Para a assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional Brasil, Fátima Mello, os atentados terroristas ocorridos em Paris, em novembro, agravaram a evolução da situação dos refugiados pelo mundo. “Chegamos ao final de 2015 numa situação, em termos de debate público, pior até do que no meio do ano. Depois dos atentados de Paris, não só na França como em outros países da Europa, mas ao redor do mundo e até aqui no Brasil, a gente começa a escutar a interpretação de setores conservadores de que os refugiados seriam confundidos com terroristas. A nossa preocupação é que depois dos atentados de Paris, como se a situação já não estivesse péssima para os refugiados, com muitas violações gravíssimas de direitos humanos, agora há uma tendência na opinião pública a essa confusão”, disse ela.

No dia 13 de novembro, atentados terroristas reivindicados pelo Estado Islâmico mataram 130 pessoas e feriram 350 em Paris. Em janeiro, outro atentado contra a redação do jornal satírico Charlie Hebdo, praticado por três homens encapuzados e fortemente armados, deixou 12 mortos também na capital francesa.

“Os refugiados são as maiores vítimas do terrorismo. A crise dos refugiados é o sintoma de uma crise multifatorial, que envolve desde o fracasso da chamada Guerra ao Terror, que deixou um legado de forte militarização nos territórios de origem dos refugiados e de descontrole no comércio e circulação de todo tipo de armas e munição”, informou Patrícia.

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Perspectivas

Segundo a especialista, a Anistia Internacional está preocupada com a tendência de a comunidade internacional olhar o refugiado de forma menos acolhedora em 2016. “A comunidade internacional precisa debater seriamente o fim dos conflitos nos países de origem dos refugiados. A solução para a crise é o fim dos conflitos, quando as pessoas poderão voltar para seus locais de origem. A comunidade internacional vai ter que fazer um esforço coletivo de enfrentamento do terrorismo, em especial a expansão do Estado Islâmico”, completou.

Para o geógrafo e professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado, Jorge Mortean, o Estado Islâmico perdeu território este ano, mas teve grande ação na mídia, o que ajudou a perpetuar o terror. “O EI é um ingrediente a mais num barril de pólvora que é o Oriente Médio no sentido que ele aproveita um Estado enfraquecido como a Síria, com o governo Assad que é impopular e que não tem boas relações com a vizinhança que, por sua vez, insufla o EI e outros grupos terroristas com armas e financiamento para derrubar o Estado sírio. O EI é um grupo sem muito objetivo a não ser o terror pelo terror. Não há coerência política nem ideológica”, afirmou Mortean.

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Para o professor, o processo de resolução dos conflitos na região é complexo.“Temos no Oriente Médio uma diversidade de tipos de regimes e governos, muitas facetas multiculturais. É muito complicado chegar a um mínimo denominador comum em qualquer assunto, pois são etnicamente diversos e têm problemas milenares com isso. Quanto menos interferência ocidental e midiática melhor”, acredita Mortean.

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