O professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), Mar-kus Erwin Brose, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Ana Clara Torres Ribeiro (2017) pelo seu livro Quanto vale a chuva? Impactos da BR-364 na regionalização da Amazônia Ocidental. O prêmio anual é concedido pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur). 

A estrada analisada pelo docente em sua pesquisa teve sua construção iniciada pela Comissão Rondon, órgão chefiado pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que visava à implementação de linhas e postos telegráficos pelo interior do Brasil. Asfaltada durante o governo militar, inicialmente seria usada para o envio dos produtos agrícolas do centro-oeste do Brasil até portos do Peru para exportação à China. A obra, que foi concluída em 2010, não está sendo utilizada para exportação e causou danos irreversíveis na fauna e flora e à população da região. 

A partir de algumas viagens pela estrada, o professor começou a pensar no porquê de a maior parte da região, em especial Mato Grosso e Rondônia, ter sido afetada pela obra, enquanto o estado do Acre não. Com o objetivo de responder a essa pergunta, Brose busca analisar os motivos pelo qual o estado não sofreu tanto com as consequências da rodovia quanto os outros locais. Assim, traz para a obra uma reflexão sobre o desenvolvimento daquela região, focando na migração das pessoas para lá, bem como no abandono a que alguns povos foram submetidos e os problemas ambientais decorrentes.

O professor, que já tinha interesse no tema desde 2012, elaborou um projeto de pesquisa com o qual foi selecionado ao Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD) da Capes, pelo PPGDR em 2014. A partir de então, enquanto pós-doutorando do programa, aprimorou a busca de dados e sistematizou o material, que virou livro em 2016 e conquistou o prêmio da Anpur em 2017. A premiação do concurso será entregue aos gratificados durante o encontro nacional da associação, que ocorrerá em São Paulo no final deste mês.

Para o professor, este é um momento muito importante. “Eu estou muito satisfeito com esse reconhecimento nacional. Também fiquei orgulhoso e agradecido por essa oportunidade que a Capes e a Unisc me proporcionaram”, ressalta. Brose ainda comenta um pouco sobre a resposta da grande questão do livro: o porquê de o Acre não ter sido atingido. “Os povos da floresta se uniram para lutar contra a construção da estrada, inclusive um nome muito conhecido da nossa história esteve entre eles, Chico Mendes. A movimentação na época foi muito grande, várias medidas contra o governo militar foram tomadas.”