Foram quatro horas de angústia e informações desencontradas até que a família de Douglas Murilo Celestino, de 17 anos, recebesse a notícia que não queria: o aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Raul Brasil era uma das vítimas do atentado da manhã dessa quarta-feira, 13, em Suzano, na Grande São Paulo.
Douglas foi baleado na cabeça e socorrido ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, mas, no momento do resgate, estava próximo ao RG de outro aluno e foi identificado como José Victor.
Mais ou menos no mesmo horário, por volta das dez horas, um tio de Douglas, professor em outra escola de Suzano, começava a ser informado pelos alunos de um ataque no colégio próximo. “Não conseguia mais dar aula porque os alunos começaram a receber mensagens, fotos e vídeos no WhatsApp”, conta Robson Belchior Chaves, de 42 anos. “Quando deu 11 horas, minha esposa me ligou falando que estava com a mãe do Douglas e que ele não atendia o celular”, diz.
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Aí começou a via-crúcis da família. Primeiro seguiram ao colégio e foram informados de que o aluno tinha sido socorrido ao hospital de Mogi das Cruzes. Chegando lá, como o estudante havia sido identificado como José Victor, a família retornou a Suzano sem uma pista de onde o garoto estava.
A família tentou novamente contatar o jovem pelo celular. “Só que dessa vez foi uma funcionária do hospital que atendeu o telefone e pediu que a gente fosse para lá”, conta Chaves. Por volta das 14 horas, a família retornou ao centro de saúde e foi informada sobre a morte.
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Segundo tios do adolescente, Douglas, embora tivesse muitos amigos na escola, havia pedido recentemente à família para ser trocado de colégio. “Estava tendo muitos casos de indisciplina, bagunça e ele era mais tranquilo, um menino muito dócil”, diz Chaves. Evangélico, Douglas, além da escola regular, fazia aulas de informática e de futebol. Ao terminar o ensino médio, no final deste ano, pretendia tentar ingressar no curso de computação em uma universidade.
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Fã de videogames, costumava ir à casa do amigo Gustavo, de 16 anos, para jogar. O colega escapou por pouco dos atiradores. “Ele cruzou com um dos atiradores quando estava correndo, pulou o muro da escola para fugir e correu para casa. Só machucou um dedo da mão. Foi um livramento de Deus”, conta o pai de Gustavo, o corretor de imóveis José Roberto Oliveira Santos, de 49 anos.
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“Ele chegou em casa, me ligou e disse ‘pai, aconteceu uma tragédia, eu escapei por um milagre, mas acho que o (Douglas) Murilo não conseguiu’.” Os dois jovens eram amigos desde os cinco anos e estudavam na mesma sala. “Ele vivia lá em casa. Meu filho está em choque”, diz Santos.