A redução no número de insetos em todo o mundo preocupa os cientistas, principalmente devido à importância desses animais para os ecossistemas e cadeias alimentares. “Sem insetos, não há como manter a vida na Terra como atualmente. Seu desaparecimento seria catastrófico”, alerta o professor Andreas Köhler, do Departamento de Biologia e Farmácia da Unisc. Ele ressalta que sem insetos não existe polinização e, dessa forma, não há alimentos nem para o homem.
Para os pesquisadores, são quatro problemas globais que levam ao extermínio dos insetos, como a perda de habitat em função do urbanismo, desmatamento e expansão da agricultura. Outro fator é a poluição, especialmente por meio de pesticidas, fertilizantes e resíduos industriais. “Em resumo, a atividade humana é a culpada”, ressalta Köhler. Também integram a lista as alterações climáticas e os parasitas patógenos (como os vírus que atacam as abelhas) e espécies invasoras.
No Brasil, os fatores são parecidos: destruição de habitats, uso de pesticidas sintéticos e expansão da agricultura. Os 73 estudos em nível mundial sobre o tema apontam que hoje em torno de um terço de todas as espécies está ameaçado. “A cada ano, cerca de 1% a mais é adicionado à lista.” A biomassa, peso estimado de todos os insetos na Terra, está encolhendo 2,5% por ano.
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Köhler ressalta que informações publicadas na revista Biological Conservation indicam que o desaparecimento dos insetos pode causar um colapso catastrófico nos ecossistemas da natureza. “Isso porque os insetos são essenciais para o funcionamento adequado de todos os ecossistemas, servindo de alimento para outros animais, além de serem polinizadores e recicladores de nutrientes. Muitos pássaros, répteis, anfíbios e peixes se alimentam de insetos e também irão morrer por falta de alimento, refletindo aos poucos na vida humana.”
Controladores biológicos são boa alternativa
Ao mesmo tempo em que muitos insetos desaparecem por causa do uso indiscriminado de agrotóxicos, há pesquisas sobre o uso deles como forma de combater pragas: são os chamados controladores biológicos. De acordo com o professor Andreas Köhler, esses controladores podem ser definidos de três maneiras.
Os parasitoides parasitam outros seres vivos, impossibilitando-os de chegar à fase reprodutiva. Já os predadores buscam matar suas presas, enquanto os patógenos são seres microscópicos que se multiplicam no organismo do hospedeiro e podem causar infecções. “Há diversas espécies de vespas parasitoides, disponíveis para programas de controle biológico. Esses controladores são liberados em campo e combatem pragas sem utilização de agrotóxicos”, esclarece.
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O exemplo mais conhecido no mundo são as vespas Trichogramma. São vespinhas de 0,5 milímetros, sem ferrão, inofensivas para o homem, mas ferozes para controlar e matar a lagarta do milho. “A Unisc estuda há 15 anos parasitoides para controle biológico. Várias espécies já se mostraram eficientes em controlar pragas ligadas, por exemplo, à cadeia de tabaco.”