O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu novamente nesta terça-feira, 6, a aprovação da reforma da Previdência proposta pelo atual governo, mas reforçou que, se o Congresso Nacional não votar o texto, o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro apresentará uma nova proposta em 2019.
“A ideia da reforma da Previdência continua nos atraindo. Mas uma coisa é o diagnóstico de que ela precisa ser feita e outra é a situação política. Seria excelente aprovar a reforma da Previdência ainda este ano”, afirmou Guedes, ao chegar ao Ministério da Fazenda para reunião com o ministro Eduardo Guardia.
Ele foi claro ao dizer que o governo Bolsonaro só apoiará a reforma do governo Temer se ela tiver condições reais de ser aprovada. Segundo Guedes, Bolsonaro não irá arcar com o ônus de uma possível derrota com o atual Congresso.
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Questionado pelos jornalistas sobre a estratégia para a aprovação do texto ainda em 2018, o futuro ministro jogou a responsabilidade para o Parlamento. “Na minha cabeça hoje tem Previdência, Previdência e Previdência. Classe política, nos ajude a aprovar a reforma. A bola está com o Congresso: prensa neles!”, enfatizou.
O economista revelou que tanto o presidente Michel Temer como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teriam dito a ele que tentarão aprovar o texto ainda este ano. “Aprovar a reforma fará com que os parlamentares que não foram reeleitos possam ir para casa com a missão cumprida”, acrescentou.
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Segundo Guedes, aprovar a reforma ainda este ano seria uma boa forma de encerrar o atual governo, além de possibilitar ao novo governo iniciar a discussão de outras reformas, como a tributária.
Guedes listou os problemas que enxerga no modelo atual, pontuando que muitos deles permanecerão mesmo após a reforma de Temer. Para ele, o regime atual tem embutido em si uma bomba demográfica e um sistema cruel de financiamento. “Os encargos sobre a força de trabalho são uma arma de destruição em massa de empregos. Outro problema é misturar a Assistência Social com a Previdência”, elencou.
Além disso, para o futuro ministro, o fundo que guarda os recursos poderia ser gerido com mais eficiência. Guedes também elogiou a proposta de reforma defendida pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, mas afirmou que as alternativas em estudo pelo novo governo são mais abrangentes.
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“Nossa proposta de reforma para Previdência é mais profunda e abre espaço para a criação de empregos. Mas se o Congresso aprovar a proposta atual, já desarmaremos algumas bombas para a população mais velha e teremos mais espaço e tempo para começarmos a trabalhar a transição da força de trabalho para um novo modelo”, acrescentou.
Capitalização
Por isso, Guedes defendeu que mesmo se houve a aprovação do texto atual, o novo governo precisará realizar uma nova reforma futuramente, alterando completamente o regime do sistema de repartição para o de capitalização. “Continuar o regime de repartição é um crime contra as gerações futuras”, alertou. “Estamos atrasados sobre a reforma. Se ela tivesse sido feita há 10 anos, cresceríamos hoje a 4% ou 5% ao ano”, completou.
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Questionado sobre o fato de Bolsonaro já ter afirmado que tem “desconfiança” sobre o sistema de capitalização da Previdência proposto por Guedes, o economista respondeu que é natural que a classe política e pessoas não familiarizadas com a questão – incluindo o presidente eleito – tenham dúvidas sobre a transição para o novo sistema.
Guedes diz que está fora de questão renegociar dívida
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Futuro ministro da Economia no governo de Jair Bolsonaro, o economista Paulo Guedes afirmou nesta terça-feira, 6, que “está fora de questão” renegociar a dívida brasileira e que a futura equipe vai trabalhar para fazer reformas e vender ativos para reduzir o endividamento do País.
Em entrevista à Band, Bolsonaro disse que a dívida interna do Brasil não é impagável, mas precisaria ser renegociada. O presidente eleito afirmou ainda na ocasião que seu ministro da Economia se encarregaria dessa missão.
“Está fora de questão renegociar dívida, está fora de questão. O que existe é preocupação com a dívida. Por isso, faremos reformas e faremos o que empresas fazem, vender ativos”, disse Guedes. “Não é razoável o Brasil gastar US$ 100 bilhões por ano para pagar juros da dívida”, afirmou.
O futuro ministro da Economia disse ainda que pretende acelerar as privatizações para liberar recursos e ajudar não só no ajuste fiscal, mas também no alívio a algumas áreas que hoje reclamam da falta de verbas. “Em vez de pagar juros da dívida, vamos dar dinheiro para saúde e educação”, disse.