O governo federal quer reter a “mordida” do Comitê Olímpico do Brasil (COB) na verba de patrocínio do comitê organizador da Olimpíada para criar um fundo de reserva a ser usado em caso de prejuízo na operação dos jogos. A proposta, em discussão no Ministério dos Esportes, tem como objetivo evitar que recursos públicos sejam usados para cobrir eventual deficit no orçamento do comitê organizador.
O COB tem direito a 12% do total de patrocínio arrecadado pela Rio-2016, o que deve gerar um repasse de R$ 340 milhões. A União quer que parte desse valor seja retido até o fechamento das contas do comitê. Ele seria liberado caso a transferência não comprometesse o equilíbrio das contas da entidade. Por lei, qualquer resultado negativo na entidade será coberto com dinheiro da União, do Estado do Rio e do município.
Segundo a proposta do ministério, o COB receberia repasses de até R$ 186 milhões. A partir desse valor, quando a “mordida” passa a ser de 8% do patrocínio, a verba seria retida para ajudar a cobrir eventual deficit. A União defende ainda que a dívida de R$ 42 milhões que o comitê tem com o COB por atraso no repasse também seja retida. O repasse de verba de marketing do comitê organizador (responsável por organizar o evento) para o comitê olímpico do país-sede (formador de atletas) é comum nos Jogos.
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É uma forma de compensar a entidade esportiva pela queda na obtenção de patrocínios próprios. O COB não pode vender cotas de marketing nos anos anteriores à Olimpíada para evitar apoiadores concorrentes aos do comitê organizador. A captação própria se encerrou em 2011. Mas a proporção do repasse no Brasil chama atenção. Em Londres-2012, a Associação Olímpica Britânica recebeu R$ 25 milhões (em valores atualizados) do patrocínio arrecadado para os Jogos. O valor refere-se a 5% do obtido pelo marketing do comitê organizador que excedeu US$ 815 milhões (R$ 2,8 bilhões).