Na noite de 23/02 foi ao ar, na televisão, mais um programa político do PT. O programa começou dizendo que “todos tem direito de defender suas ideias”, mas que, agora, seria o momento de mostrar grandeza, deixando de lado algumas questões pessoais e partidárias, e nos unir para vencermos a crise do país. Existe crise, então? Em sua participação, no final do programa, o Lula deu a entender que o Brasil está com problemas porque as pessoas repetem crise, crise, crise… Quer dizer, para Lula bastaria que não se falasse mais em crise que ela não existiria mais.
Como o DNA do PT é atacar os outros, o que foi a grande estratégia do marqueteiro João Santana, agora preso, na última campanha eleitoral para presidente, no programa de 23/02, depois de conclamar a todos pela “união para fortalecer o Brasil”, uma apresentadora pergunta “por que existe tanta intolerância e ódio contra o partido, justamente o partido que teria mudado o Brasil?” Talvez algumas pessoas sintam ódio, mesmo; mas, a maioria, certamente, quer apenas ver o PT fora do governo federal. Como a apresentadora não respondeu à pergunta, poder-se-ia devolver com outras perguntas: seria por causa da crise? Da roubalheira generalizada? Do sucateamento da Petrobrás? Da volta da inflação? Da recessão? Do rebaixamento do Brasil por três agências internacionais de classificação de riscos? Das questões mal explicadas, achando que somos todos otários?
Em artigo publicado no Instituto Liberal, João César de Melo escreve que o PT se queixa que está sendo perseguido. E está mesmo, porque tem figuras proeminentes do partido alvo de protestos, ações policiais e processos políticos. O autor do artigo lista 13 razões para perseguir o PT:
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“1º) é o PT, não outro partido, que ocupa a presidência da república há 13 anos;
2º) foram Lula e Dilma que assinaram a desastrosa política econômica que resultou no maior período de recessão da história brasileira;
3º) todas as alianças partidárias que mantiveram a base de apoio ao governo partiram do PT;
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4º) o monstruoso aparelhamento do estado é resultado dessas alianças, o que faz do PT corresponsável por cada pessoa nomeada por outros partidos para ocupar cargos em empresas e instituições públicas;
5º) os maiores fundos de pensão de empresas estatais são administrados por pessoas indicadas pelo PT e em função de interesses políticos e ideológicos, tornando o partido diretamente responsável pelo rombo de dezenas de bilhões de reais;
6º) os principais casos de corrupção que estão sendo desvendados pela polícia tem como beneficiário final o PT, principalmente Lula e Dilma, cujas campanhas eleitorais foram bancadas com dinheiro da corrupção;
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7º) apenas a presidência da república tem poder para fazer do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil ferramentas políticas, utilizando esses bancos para favorecer empresas e militâncias alinhadas ao PT;
8º) foi o PT, não outro partido, que fez da Petrobrás uma ferramenta política de intervenção econômica, represando preços e privilegiando empresas em função do projeto nacionalista que causou a atual crise econômica;
9º) projetos, como os da Usina Belo Monte, da Transposição do Rio São Francisco e de refinarias, entre outros, todos ainda em construção e que já consumiram o dobro ou o triplo do orçamento original, foram idealizados, anunciados, financiados e festejados por Lula e Dilma;
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10º) foi o PT, não outro partido, que empenhou grandes esforços políticos e financeiros para a realização da Copa do Mundo, facilitando todo tipo de esquema obscuro para a construção dos estádios, cuja metade, hoje, se encontra sem uso;
11º) foram Lula e Dilma os responsáveis por todos os acordos do Brasil com regimes autoritários e que resultaram em grandes prejuízos à sociedade brasileira;
12º) é o PT, não outro partido, que se vangloria de ter acabado com a pobreza e de ter melhorado a educação, a saúde e a segurança dos brasileiros, sendo que a realidade ao nosso redor é completamente diferente;
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13º) Lula tornou-se alvo de operações da Polícia Federal e do Ministério Público porque delatores citam seu nome, porque grande parte das pessoas investigadas, indiciadas e presas eram diretamente ligadas a ele; porque diversas movimentações financeiras das empresas incriminadas passam pelas empresas de fachada de seus filhos; porque o apartamento em Guarujá e o sítio em Atibaia indicam que tais imóveis eram utilizados por ele mesmo, não por mim, nem por você, leitor, nem pelo Aécio Neves, nem pelo Fernando Henrique Cardoso, nem pelo Jair Bolsonaro, nem pelo Donald Trump, e que as obras nesses imóveis foram realizadas pelas mesmas construtoras acusadas de terem sido beneficiadas em contratos com o governo.”
Para azar e desespero das lideranças do PT, o programa foi ao ar justamente no dia em que o Conselho Nacional do Ministério Público revogou, por unanimidade, inclusive com o voto do juiz que a havia concedido, a liminar que suspendia o depoimento de Lula e Marisa sobre a suposta propriedade do apartamento tríplex, no edifício Solaris, no Guarujá, que eles dizem não ser os donos; no mesmo dia, também, foi preso João Santana, marqueteiro das três últimas campanhas eleitorais do PT para presidente do Brasil, além de outras, como a do prefeito Haddad, da cidade de São Paulo.
Claro, já estão dizendo que João Santana não tem nada a ver com o PT, tendo sido apenas contratado como profissional para fazer a propaganda política das últimas três eleições para presidente. Entretanto, mensagens recentes, trocadas com o marqueteiro e o ministro-chefe da comunicação, Edinho Silva, desmentem essa versão, dando a entender que João Santana era uma espécie de conselheiro da presidência. Mas, como o PT inventa histórias para justificar qualquer coisa, nem que, atropelado por novos fatos, tenha que mudar a versão, só falta dizer que o prédio do Instituto Lula – onde também existem suspeitas de pagamentos milionários a empreiteiras por obras ali inexistentes, pelo menos nesse valor – que aquele Instituto é do FHC…
Falando em FHC, é no mínimo estranho ressuscitar a história do envolvimento do ex-presidente com uma jornalista, há quase 30 anos, justamente no momento em que Lula está cada vez mais enrolado em várias questões. Alguns deputados do PT, inclusive o Pimenta, de Santa Maria, discursaram na Câmara, perguntando onde estava o juiz Sérgio Moro que não estava investigando o caso, como se a operação Lava Jato tivesse alguma coisa a ver com isso. É claro que a denúncia deve ser investigada, mas por quem de direito. Aliás, o próprio Fernando Henrique já disse que podem investigar, numa atitude diferente de Lula que foge de depoimentos que teria que prestar ou, simplesmente, não explica nada, se fazendo de vítima de alguns órgãos da imprensa, da polícia federal e do ministério público.
Se teve alguma coisa de verdade, no programa do PT, foi quando disseram que “o Brasil já demonstrou que ninguém é mais poderoso do que nosso povo”. E povo não é só quem vota ou votou em Lula e Dilma. Todos sabem que a esmagadora maioria, inclusive milhões que votaram em Dilma, é favorável ao impeachment da presidente. A saída dela e do PT do governo federal – o mais rápido e menos traumático para o Brasil seria através da cassação, pelo TSE, da chapa Dilma/Temer, tendo em vista suspeita de uso de dinheiro do petrolão para a campanha – não vai resolver todos os problemas do Brasil num passe de mágica. Mas, enquanto Dilma estiver lá, não se conseguirá nem identificar exatamente o problema. É pois uma condição necessária – sine qua non, como se diz em latim -, sem o que todo o resto é inútil.
Tudo isso que estamos assistindo, no Brasil, nos últimos tempos, poderia ser considerado cômico, é em algumas situações e episódios seja mesmo a ser. Infelizmente, é trágico para grande parte da população com a perda dos empregos, redução ou encerramento de empresas, inflação crescente, endividamento… quer dizer, está mexendo no bolso das pessoas. Por isso, no próximo dia 13 de março, é hora de mostrar que chega de sermos otários. É ir pras ruas e mostrar o inconformismo e a indignação “ com o que aí está”, usando uma frase que o PT gostava de repetir quando era oposição. Como diz o slogan, “Se você não for, ela fica”.