No próximo dia 25 de novembro vai acontecer a Black Friday Brasil. O assunto está “bombando”, na internet, na televisão, nos jornais, além de mensagens por e-mails, anunciando ofertas imperdíveis. Em tempos de queda nas vendas, uma promoção como essa sempre é capaz de alavancar negócios e melhorar um pouco os números do comércio para este ano de 2016 que, por enquanto, estão perdendo para os anos anteriores. Os lojistas veem a Black Friday como a salvação neste final de 2016, já que as datas tradicionais que, historicamente, registram picos de vendas, neste ano, fracassaram.
O que é? Trata-se de uma mega promoção que promete descontos de até 80% em muitos produtos, nos mais diversos setores e empresas: eletrodomésticos, móveis, eletrônicos, roupas, livros, floriculturas, imóveis, carros e até bancos, além de outros. Enfim, em quase tudo. Muitas lojas e instituições participantes do evento, antecipando a data, talvez até para garantirem “seu quinhão” na bolada, já estavam promovendo a Black week (semana) e até o Black month (mês). As lojas aproveitam para fazer a “troca do estoque”, “desovar” produtos que, por algum motivo, não saíram e repor os estoques para o Natal e Ano novo. Os consumidores, por sua vez, para realizar algum sonho de consumo, há muito aguardado, e com o preço mais em conta agora é possível.
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Onde e como começou? Iniciada em 1961, na Filadélfia, nos Estados Unidos, a Black Friday é um dos maiores eventos de compras dos americanos. Acontece na sexta-feira posterior ao Dia de Ação de Graças – celebrado sempre na quarta quinta feira do mês de novembro – e dá início à temporada de compras natalinas, na maioria das lojas de varejo. Era um dia de muitas confusões, envolvendo pessoas exaltadas que disputavam a tapa, literalmente, artigos em promoção, num legítimo vale tudo. Além disso, ruas da cidade ficavam um caos por causa do grande número de pedestres e o intenso tráfego de carros, provocando enormes congestionamentos, o que, evidentemente, geravam problemas de toda ordem; daí o nome de Black Friday, na avaliação da polícia.
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No Brasil – Aos poucos, a Black Friday também vai conquistando o Brasil, estando em sua sétima edição. A primeira foi realizada em 26 de novembro de 2010, totalmente on line, por iniciativa de uma empresa especializada em descontos na web. Mas, como já dizia o Velho Guerreiro, Chacrinha – “aqui, nada se cria, tudo se copia” -, o que, evidentemente, nem sempre é verdade, as versões anteriores apresentaram problemas, alguns de ordem técnica, como a lentidão dos sistemas, erros de programação ou, simplesmente, sites de empresas participantes fora do ar. Outros, entretanto, talvez fruto da nossa cultura de levar vantagem em tudo, foi a falta de caráter mesmo, como o de aumentar preços na semana ou dias anteriores e, no dia da promoção, dar um desconto, praticando, na verdade, o preço normal de venda, o que frustrou os consumidores e foi objeto de investigação e notificação de varejistas por parte do Procon. Os internautas não perdoaram e apelidaram o evento de Black Fraude, dizendo que era “ tudo pela metade do dobro do preço”.
Cuidados – A equipe Criando Riqueza, da Empiricus, preparou uma lista de cuidados que se deve ter para bem aproveitar – ou não – a Black Friday Brasileira deste ano: 1º) ater-se ao orçamento: não tem graça pagar juros do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito; 2º) consultar sites de comparação de preços: às vezes, o mesmo produto com desconto numa loja custa mais que o preço normal de outra; 3º) aproveitar as oportunidades dos prazos de entrega; 4º) investigar as formas de pagamento; 5º) comprar em sites conhecidos; 6º) navegar apenas em sites seguros: verificar se os sites têm os selos de segurança e se a barra de endereço do navegado tem um cadeado; 7º) guardar os comprovantes de compra, o que inclui também os e-mails e as confirmações de compra; 8º) ficar atento às propagandas: exigir seus direitos caso o preço cobrado seja maior que o anunciado; 9º) buscar descontos, tanto nas lojas físicas quanto nas online: nas lojas físicas, existe a possibilidade da negociação de um desconto maior ou condição melhor.
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Com relação aos itens 5 e 6, a Fundação Procon-SP atualizou e disponibilizou a “lista negra” de sites que devem ser evitados – são 188 – com o objetivo de alertar os consumidores sobre o risco de serem lesados. São sites que tiveram reclamações de consumidores registradas no Procon-SP e que não solucionaram os problemas, mesmo sendo notificados. Alguns até já saíram do ar, mas outros continuam e ainda representam risco ao consumidor. Nesse particular, ter cuidado com a segurança das informações, principalmente na utilização de cartões de crédito.
Embora a maioria dos preços seja, realmente, de promoção, permanecem os direitos do consumidor com relação a produtos com defeitos, defeitos ocultos (que, geralmente, só aparecem depois do término da garantia), além dos prazos para regularização das pendências, como se fosse uma operação normal de compra e venda.
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Realização de sonhos – Qualquer promoção, especialmente a Black Friday, é uma oportunidades para adquirir algum bem que se estava “namorando” já há algum tempo, mas que o preço muito alto ou além das possibilidades não permitia adquirir. É, também, uma ótima oportunidade para antecipar a compra dos presentes de Natal. Mesmo assim, deve ser antecedido por um planejamento. Mais importante do que fazer uma compra com um desconto significativo, às vezes no “ôba-ôba”, influenciado pela propaganda e levado pelo impulso consumista, é fazer compras de forma racional.
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Educação Financeira – Todos sabem que não se deve gastar mais do que se ganha, mas, devido à falta de educação financeira, este princípio básico é, facilmente, ignorado. Não adianta ficar tentando achar culpados para alguma compra mal feita ou até ter se endividado. É preciso analisar os próprios hábitos e atitudes em relação ao uso do dinheiro e entender onde está errando. Isso é Educação Financeira, muito mais do que só cuidar de algumas questões técnicas, usualmente trabalhadas e divulgadas, como a necessidade de elaborar e cumprir um orçamento, saber alguns cálculos, fazer pesquisa de preço. São cuidados importantes, sem dúvida, mas que precisam ser acompanhados pela mudança de comportamento. Existem inúmeras iniciativas no Brasil, inclusive em universidades, mas que se atém às técnicas. Já a DSOP – Educação Financeira vai além dessas recomendações meramente técnicas, trabalhando a questão comportamental, cujo princípio fundamental é o consumo consciente, independente de eventuais promoções, evitando, principalmente, as compras por impulso.
Gratidão – Por fim, lembrar-se de agradecer, pois, se a Black Friday está sendo introduzida e aceita cada vez mais, no Brasil, o mesmo ainda não acontece com o Dia de Ação de Graças, que passa batido por aqui.